28.6.08

5 questões para a final:

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Sistema táctico: Confronto de 4-5-1?
Depois de um Euro iniciado em 4-4-2 pelas 2 formações, tudo aponta para que possamos ter um confronto de 4-5-1. No caso da Alemanha a alteração surgiu por motivos estratégicos frente a Portugal, tendo-se mantido frente à Turquia. Como a Espanha também deverá jogar com 5 homens no meio campo, prevê-se que Low não altere esta opção. Ainda assim, diria que, entre Aragonês e o seleccionador alemão é mais provável assistirmos a uma surpresa no esquema germânico, sendo Aragonês mais conhecido pela continuidade nas suas opções (aliás, isso tem-se visto até na forma “mecânica” como faz as substituições). Nota, no entanto, para realçar as diferenças entre os dois esquemas: (1) 4-1-4-1 pela Espanha e 4-2-3-1 na Alemanha. (2) a dinâmica dos extremos torna bem diferentes os esquemas quando em acção. Na Alemanha 2 jogadores abertos nas alas (Podolski e Schweinsteiger). Na Espanha, Iniesta e David Silva não escondem a tendência para oferecer apoios na zona central, tornando o jogo espanhol muito menos lateralizado.

Pontos fortes: Organização ou Transição?
Se olharmos aos pontos fortes das equipas nos 4 momentos de jogo (excluindo, portanto, as bolas paradas), dir-se-ia, sem qualquer dúvida, que há um contraste entre as duas equipas. Na Espanha, a força está na qualidade da organização ofensiva, particularmente no seu primeiro momento. Na Alemanha, a velocidade e clarividência com que sai em transição ofensiva é a principal arma. A primeira conclusão é que este confronto de características deverão resultar num jogo de maior domínio espanhol, mas com a Alemanha declaradamente a procurar ser mais perigosa, mesmo com menos ataques. Se me perguntassem quem leva vantagem, teoricamente diria que quem joga em transição, sabendo fazê-lo, pode tirar mais dividendos porque usufrui de mais espaço. Mas, neste caso, a questão não é tão simples... Para poder ser forte na exploração numa estratégia de transição, a Alemanha tem necessariamente de conseguir, primeiro, ser eficaz em organização defensiva e é aqui reside o problema. As debilidades dos alemães são evidentes em termos defensivos e essa tendência poderá ser potenciada pela grande qualidade da posse de bola espanhola. Aqui será fundamental a adaptação ao jogo de apoios espanhol na zona central. Se os alemães adiantarem a sua linha média na ansia de pressionar, se voltarem a cometer o erro de não criar várias linhas com o posicionamento dos seus médios, então, os espanhóis podem mesmo começar a preparar-se para a festa.

Opção: Com ou sem Frings?
Claramente é o melhor médio defensivo dos alemães. Pela qualidade de passe e pela capacidade de luta que oferece ao meio campo. Low abdicou dele nos 2 últimos jogos por motivos não muito claros, mas na final duvido que o volte a fazer – até porque jogou 45 minutos contra a Turquia. Esta é, de resto, a grande dúvida para os onzes, caso, naturalmente, não haja uma surpresa estratégica de um dos treinadores.

Estratégia: Como defender Lahm?
É um jogador que, invariavelmente, tem merecido motivos de preocupação pelos treinadores adversários. Por exemplo, Portugal colocou Simão declaradamente sobre a direita, para tapar as suas subidas. De facto, a Alemanha tem uma forma bastante assimétrica de atacar, quer pela características dos laterais, quer dos próprios extremos – a bola entra quase sempre na esquerda na construção. Se é certo que vamos ver Sérgio Ramos regressar às exibições mais discretas do ponto de vista ofensivo, com a presença de Podolski no seu flanco, será que vamos também ter um ala mais fixo do que é habitual na Selecção espanhola? Parece-me que Aragonês não o fará, mas essa pode ser uma vantagem no momento da transição alemã, com os movimentos interiores dos alas a impossibilitarem um apoio imediato a Ramos. Uma nota, muitas vezes a tendência ofensiva dos laterais é aproveitada para fixar um extremo sobre esse flanco que não defende, podendo depois aproveitar o espaço em transição. No caso da Espanha essa opção não se põe, claramente.

Bolas Paradas: Quem vai ser vigiado individualmente?
Não é surpresa se disser que da eficácia defensiva neste tipo de lances depende muito do sucesso espanhol. A vantagem de alturas deverá ser ainda maior do que no confronto contra Portugal, mas duvido que os espanhóis (ou qualquer equipa) se revelem tão desconcentrados neste particular quanto os portugueses naquele jogo de Basiléia. Outra curiosidade desta final é o facto de Espanha e Alemanha serem das 4 equipas que neste Europeu defendem zonalmente nos cantos. Mas há aqui uma nota... A Espanha vem acrescentando a essa organização zonal uma marcação individual a 2 jogadores específicos do adversário, normalmente por Sérgio Ramos e Fernando Torres. Esta é uma opção, na minha opinião, inteligente dada a baixa estatura dos espanhóis (ao contrário do que tem sido dito esta característica é desfavorável à aplicação do método zona por poder ser potenciado um confronto directo entre jogadores de estaturas excessivamente dispares). Frente à Itália foram Toni e Panucci os elementos vigiados individualmente e frente aos russos, Pavlyuchenko e Ignashevich. O problema é que, no caso da Alemanha, torna-se difícil escolher 2 entre tantas “torres”...

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