Este parece ser o debate do pós Euro 2008 no que à Selecção diz respeito. Fica claro – pelo menos para mim – que Scolari marcou uma fase de transição na cultura da Selecção. Hoje, mais do que nunca, Portugal, país, vive a sua Selecção à margem dos clubes. Mas hoje, mais do que nunca, Portugal, país, pede resultados de excelência à Selecção. Este é o legado de Scolari...
Creio, no entanto, que se vive hoje uma fase de transição na Selecção Nacional. Transição ao nível de individualidades e transição, também, ao nível das características dos principais protagonistas. Desde o inicio dos anos 90 que a principal referência da Selecção foram Figo e Rui Costa, e foi com base nas características destes 2 jogadores que se foi moldando a ideia de jogo que ainda hoje prevalece na principal equipa nacional. Acontece que Portugal tem no seu elenco Cristiano Ronaldo, um jogador de características diferentes e que será, provavelmente, a referência da Selecção na próxima década. Juntando a isto a ideia da necessidade de tornar Portugal numa equipa mais forte nos pormenores do jogo (por exemplo as bolas paradas) e nos momentos de transição, parece-me que há a importância de encontrar um nome capaz de fazer algumas reformas no modelo de jogo actualmente em vigor na Selecção. Para isso será, naturalmente, preciso algo mais do que um bom líder.
A hipótese Peckerman e o perfil "Carlos Queiroz"
Com a hipótese Peckerman tem ganho força a contratação de um Seleccionador que reforme (e que seja responsável por) toda a formação da Selecção, vindo à memória o caso Carlos Queiroz. A minha opinião é totalmente desfavorável a esta intenção. A Selecção AA (e o Mundial 2010) são objectivos suficientes para concentrar as atenções de quem venha a ser o escolhido e, por outro lado, a avaliação da sua performance não deve ser misturada com outros aspectos de base. Afinal o que faríamos se 2010 fosse um fracasso? Abdicaríamos de um trabalho de longo prazo na formação por causa dos resultados dos AA? Ou continuaríamos com um Seleccionador sem resultados satisfatórios para não sacrificar o trabalho de base? Parece-me, claramente, que estes papéis devem ser separados (aliás, o próprio Queiroz não fez as reformas na formação como Seleccionador principal)...
Os meus 2 perfis:
Perfil “Van Basten” – Como sempre tenho defendido a qualidade deve sobrepor-se ao currículo. Acredito numa solução de um ex-jogador sem experiência relevante como treinador, mas com cultura de Selecção e uma ideia concreta sobre o futuro da Selecção. Este é um perfil que tem em Van Basten, Klismann ou mesmo Bilic exemplos mais recentes e que creio poder ser possível, devendo, obviamente, o candidato ser português.
Perfil “Scolari” – Este parece ser o mais popular nesta altura. Um nome conceituado que tenha traquejo confirmado nestas andanças. O requisito essencial para este perfil é existência de experiências com sucesso em grandes competições ao nível de Selecções. A este eu acrescento a capacidade e conhecimento táctico para fazer as reformas que atrás referi como importantes (Scolari falhava neste particular). Aqui não há exigências quanto a nacionalidade e, mesmo considerando que ajuda na comunicação, casos como Hiddink confirmam que a língua também pode não ser essencial. Neste aspecto eu junto apenas o enquadramento táctico. Ou seja, tudo o que sejam treinadores que não conheçam com profundidade as tendências tácticas do futebol europeu, não me parecem adequados.