É um tema que, embora não tenha nunca merecido “honras” de um post, tem sido episodicamente discutido em alguns comentários de jogos: as bolas paradas. Recupero este assunto depois de alguma discussão que surgiu após o jogo com a República Checa, não só pelo golo sofrido mas igualmente pelas dificuldades sentidas em defender esse tipo de lances. Mas o tema que quero discutir em particular é aquele que, com um timing muito oportuno foi lançado por alguma imprensa: a opção entre defender à zona ou ao homem.
Esclareço, antes demais, que não tenho preferência por nenhum desses métodos, sendo que há circunstâncias que justificam a aplicação de um ou de outro. Aqui ficam as vantagens de ambos os métodos:
Esclareço, antes demais, que não tenho preferência por nenhum desses métodos, sendo que há circunstâncias que justificam a aplicação de um ou de outro. Aqui ficam as vantagens de ambos os métodos:
Homem-a-homem
Deixar alguns jogadores na frente: Apenas com a marcação ao homem se aconselha deixar alguns jogadores adiantados para fixar defesas adversários. É que uma marcação zonal requer um elevado número de jogadores para que se possa cobrir eficazmente toda a área.
Média de alturas mais baixa: Este motivo parece não ser consensual mas, para mim, faz todo o sentido. Numa equipa de jogadores mais baixos parece-me aconselhável optar pela marcação ao homem. Porquê? Porque assim são os defensores a escolher os jogadores que vão marcar, podendo, naturalmente optar por um ajustamento favorável em termos de estatura (isto é, jogadores mais altos são marcados pelos mais altos, e os mais baixos pelos mais baixos). No caso de um método zona, as áreas da “responsabilidade” de cada defensor estão previamente definidas, o que, no caso de existir uma grande diferença de estatura, pode ser uma opção muito favorável para quem ataca. Imaginemos, por exemplo, o que será o Koller a atacar a zona reservada para João Moutinho ou Petit!
Zona
Maior eficácia defensiva: Estando reunidas as condições para fazer uma marcação zonal, ou seja, havendo uma média de alturas elevada e disponibilidade para colocar muitos jogadores na acção defensiva, parece-me que o método zonal pode ser, potencialmente, mais eficaz. Isto porque os jogadores estão colocados de uma forma racional à partida, podendo concentrar-se essencialmente na abordagem à bola.
O caso Portugal
Portugal opta por uma marcação ao homem (com 2 jogadores colocados zonalmente ao primeiro poste). Tendo em conta o que escrevi anteriormente, pode-se perceber que compreendo as razões por esta opção: a estatura de jogadores como Simão, Deco, Moutinho e Petit e o facto de Scolari deixar 3 jogadores na frente. Ainda assim, penso que seria possível colocar definir uma marcação zonal no caso de Portugal, desde que estes 4 jogadores fossem colocados em zonas em que o duelo aéreo fosse menos provável (por exemplo, cobertura dos 2 postes). Ainda assim, parece-me que as questões levantadas em torno do método usado, depois do golo sofrido, pecam sobretudo pela evidente falta de sentido de oportunidade, mas igualmente por alguma falta de rigor nos motivos apresentados. Dizer-se, por exemplo, que o método zonal requer mais inteligência ou sentido colectivo é algo que não tem qualquer lógica para uma acção em que, ao contrário do que se passa no jogo corrido, não há dinâmica de jogadores e equipas na protecção da zona a defender. Defendo, portanto, que mais do que a alteração do método há que rever a forma como estamos a interpretar este método e como podemos melhorar.
Os exemplos do Euro 2008
Tal como acontece ao nível de clubes, nas selecções do Euro é esmagador um número de equipas que optam pela marcação homem-a-homem (variando no número e posicionamento de jogadores colocados à zona, com algumas equipas a colocarem jogadores em ambos os postes, algumas apenas no primeiro e outras apenas no segundo).
A saber, apenas Alemanha, Austria, Rep.Checa e Espanha optam por uma marcação zonal. Se no caso das 3 primeiras o factor altura é claramente favorável, no caso da Espanha tal não ocorre. Curiosamente, o golo sofrido pelos espanhóis acontece de canto, numa jogada em que a estatura de Xabi Alonso não foi suficiente para o jogador russo que apareceu na sua zona.