Finalmente! Está aí o Europeu, o que significa que nas próximas semanas o mundo vai respirar futebol naquilo que o desporto-rei tem de melhor. É uma data que, como se percebe, saúdo, assumindo um enorme interesse pela competição e não escondendo uma grande paixão em relação aos embates de Portugal, sobre quem alimento a esperança de que seja desta vez que o nosso país possa entrar na lista de vencedores de grandes competições internacionais. Algo que a qualidade do futebol português e a paixão muito particular do seu povo por este desporto, creio eu, já merecem.
Portugal: Maior optimismo no arranque
No que respeita a Portugal, já o vinha dizendo há algum tempo, penso que esta poderia ser a oportunidade para mudar um pouco o seu modelo de jogo, adoptando alguns princípios que se ajustassem melhor às diferenças que existem entre as figuras de hoje e as de um passado recente. Isso, já se percebeu, não vai acontecer de uma forma estratégica mas a verdade é que estou hoje bem mais optimista em relação à prestação de Portugal do que quando este elenco partiu para o estágio de Viseu.
Creio que a Selecção tem agora um jogo um pouco mais organizado ofensivamente, suportado por um leque de individualidades que, em termos qualitativos, estará ao nível dos melhores desta competição. As minhas reservas recaem agora sobre os 2 momentos de transição, em particular a transição defensiva. Por aquilo que se pode ver na preparação, Portugal expõe-se bastante em termos posicionais quando tem a bola e isso poderá provocar alguns desequilíbrios comprometedores em caso de perda de bola. O jogo da Turquia servirá, tal como em outros aspectos, para ter uma ideia mais clara da capacidade de resposta portuguesa neste ponto.
Mas há um aspecto importante que me faz estar claramente mais optimista. Durante a preparação acompanhei os jogos dos nossos adversários e chego à conclusão de que Portugal tem todas as condições para passar, acreditando que o conseguirá desde que mantenha níveis de concentração dentro daquilo que se exige nestes torneios. Se conseguir chegar aos quartos de final, Portugal só poderá encontrar, na caminhada até à final, para além do outro apurado do seu grupo (eventualmente nas meias finais), equipas do grupo B. Ou seja, Croácia, Alemanha, Polónia e Austria. Não sendo, nem nada que se pareça, um passeio é, se atendermos ao nível de que estamos a tratar, sem dúvida um bom panorama. O segredo estará em encarar com toda a seriedade cada jogo, esperar e fazer pela sempre relevante “estrelinha” que tantas vezes define os campeões e saber evoluir colectivamente com a competição (como referi recentemente, mais do que aquelas que melhor se preparam, são as equipas que melhor evoluem com a competição que normalmente vencem estes torneios).
Portugal – Turquia: Concentração máxima
Já deixei aqui 2 observações da equipa turca, onde ambas confirmaram as ideias que se podem esperar de Fatih Terim. Aos 2 movimentos que apresento como característicos do futebol da Turquia deve acrescentar-se a ameaça que representa Nihat, sobretudo a jogar no limite do fora de jogo. De resto, e sem repetir o que referi na altura, dizer que a Turquia poderá apresentar algumas alterações estratégicas frente a Portugal, nomeadamente jogando com um bloco mais baixo, arriscando menos nas suas subidas em posse de bola e procurando actuar sobretudo em transição, fazendo uso da rapidez do seu trio dianteiro. Aqui, volto a realçar a importância da transição defensiva para o sucesso dos portugueses. Finalmente, e em relação aos turcos, dizer que em termos de individualidades, as opções de Terim não deverão fugir muito à equipa que derrotou a Finlândia (mais uma vez, há um post com maior detalhe sobre esse jogo), ainda que se possa prever uma ou outra alteração em caso de uma estratégia específica frente a Portugal. Aqui, a introdução de um lateral direito menos ofensivo, um extremo mais posicional ou um outro elemento de combate para o meio campo são as opções. Na “máquina” turca o meu destaque vai para acção de Hamit Altintop na interior direita. É, sem dúvida, o elemento mais dinâmico de um meio campo que tem em Mehmet Aurélio um jogador apenas posicional (limita-se a ser um “equilibrador” da equipa e oferecer apoios recuados à posse de bola) e em Emre uma solução de qualidade mas com dificuldades quando o ritmo de jogo aumenta.
Relativamente a Portugal, o onze não é surpresa e, digo eu, a fórmula de sucesso também não. A palavra mais importante é concentração e só depois virão os pormenores tácticos. Parece-me que o lado esquerdo turco pode ser mais débil e que Portugal deve procurar o erro adversário, já que, em termos individuais, o ponto fraco da Turquia está precisamente na sua defesa. A minha aposta vai para os lances de bola parada, onde os portugueses estiveram muito bem nos treinos, podendo tirar partido, nesta ocasião específica, de uma menor capacidade do guardião turco.
Boa Sorte Portugal!