18.6.08

França - Itália: Quem desilude mais?

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Era um dos jogos mais aguardados mal foi conhecido o sorteio inicial. A verdade, porém, é que França e Itália protagonizaram um duelo que pareceu sempre um concurso para ver quem mais merecia perder do que uma normal disputa positiva pela vitória. Nesse aspecto, foi evidente, os franceses superiorizaram-se, tornando quase inevitável uma eliminação que foi aproveitada pela Itália para seguir em frente, também, graças à prestação holandesa. Mais vamos por partes:

França
Se me perguntassem que selecções me desiludiram neste Euro, poderia falar da Polónia, não pelas prestações individuais, que já se sabia não serem grande coisa, mas pela estratégia definida por Leo Beenhakker, contrastante com aquilo que se viu na qualificação. No entanto, a um nível muito mais evidente em matéria de decepções vem, sem dúvida, a selecção francesa.

De facto, julgo ser difícil fazer um trabalho pior do que aquele que Domenech realizou. No primeiro jogo, frente à Roménia, um deserto de ideias com um 4-4-2 clássico completamente despropositado, sem ligação ofensiva e sem qualquer princípio de jogo que fosse interpretado com uma qualidade colectiva suficiente para que se dissesse que aquilo que viamos era uma equipa e não um simples conjunto de jogadores.

Frente à Holanda mudanças positivas, retirando um avançado e colocando Ribery mais solto. Aqui a fortuna não foi muita, é certo, mas nessa partida veio ao de cima outro aspecto que marcaria esta prestação francesa: uma gritante falta de concentração individual. Assim, a Holanda cumpriu o plano, chegou à vantagem (tirando partido da lacuna que referi) e, depois de sofrer e sobreviver ao melhor período gaulês na competição, transformou a vitória numa expressiva goleada.

Finalmente, o teste definitivo: a Itália. Regresso ao 4-4-2 sem ideias e mais mexidas, incluindo uma adaptação de Abidal a central, como se a França tivesse poucas soluções de raiz para essa posição. Assim, no terceiro jogo, juntou-se tudo o que de mal se havia visto nas primeiras 2 partidas: limitações colectivas e lapsos de concentração individuais. O resultado foi, inevitalmente, a derrota.
Sinceramente tenho dificuldades em perceber que tipo de preparação fez a França. O que é que Domenech pensou sobre a sua estratégia e que tipo de treinos fez? É que não pareceu mesmo nada que alguém tivesse preparado fosse o que fosse...

Itália
Qualificou-se e, pode dizer-se, que até não desmereceu a chegada aos quartos. A verdade, porém, é que nunca mostrou futebol ao nível de um candidato.

Esta equipa Italiana será, daquelas que vão chegar aos quartos de final, aquela que menos recorre a um jogo apoiado. Donadoni optou por apresentar uma réplica (com diferenças óbvias em relação ao original) do 4-3-2-1 do Milan, tentando tirar partido da força dos 3 homens de meio campo para as recuperações e da sua qualidade de passe para os repetidos passes de rotura que têm como objectivo tirar o melhor partido do poderio físico de Luca Toni e da capacidade de movimentação dos 2 homens que mais perto dele jogam.

Ainda assim, pode dizer-se, que a melhor qualidade desta Itália esteve no seu processo ofensivo, conseguindo criar situações de golo suficientes em todos os jogos para ter marcado mais golos do que aquilo que realmente fizeram. Já defensivamente as coisas foram francamente negativas. Perante ataque organizado, o seu pressing nunca foi verdadeiramente eficiente (contra a Holanda esse foi um aspecto decisivo), e em transição sofreu igualmente alguns dissabores (o que costumava ser raro em selecções italianas do passado). Para completar o cenário, falta falar da concentração individual, também abaixo do nível que se espera numa formação como a Italiana.

Já aqui referi que as equipas que normalmente ganham estas provas são aquelas que melhor evoluem durante a competição, mais do que as que melhor se preparam. Neste aspecto, a Itália tem todas as hipóteses de recuperar o terreno perdido, sendo, não pelo que demonstrou mas pelo potencial que se lhe reconhece, uma candidata ao triunfo final. O que não posso aceitar são os comentários assentes em preconceitos, que, previsivelmente, agora dizem que esta é uma equipa forte defensivamente, calculista, cínica, etc. etc... É que não creio mesmo nada que Donadoni tivesse este sofrimento nos seus cálculos ou que a selecção italiana tenha controlado fosse o que fosse. A coisa saiu bem, muito por culpa da desastrosa prestação francesa, mas o calculismo e cinismo foi o mesmo daquela equipa que, com Trappatoni, foi eliminada do Euro 2004 por depender de terceiros para se qualificar...

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