No segundo dia do Euro dois jogos com características e desenlaces a papel químico do primeiro. A abrir uma derrota por 1-0 da equipa organizadora em jogo pobre de parte a parte e, a terminar a jornada, uma afirmação de superioridade da equipa favorita do grupo. A Portugal, e num estilo evidentemente diferente, sucedeu-se a Alemanha como destaque diário, numa exibição que é uma espécie de afirmação clara da equipa germânica como candidata à final.
A evoluir num 4-4-2 clássico, a Alemanha apresentou-se com um modelo bastante fiel aquilo que são hoje as características do futebol alemão e, mais importante ainda, dos jogadores que compõem esta equipa. O objectivo ofensivo é fazer o jogo passar por uma posse de bola que se revelou sempre muito vertical e segura, percorrendo rapidamente o campo em busca de zonas menos preenchidas (um dos segredos para o sucesso frente à Polónia foi, precisamente, a forma como a bola saiu das zonas de pressão que os polacos tentam criar) e nunca teve um destino previsível, podendo encaminhar-se ora para as alas, onde os laterais têm ordem para aparecer nas costas dos extremos, ora para os movimentos interiores dos avançados, altamente adaptados a esta forma de jogar. Embora o ataque rápido em posse seja a forma preferida de jogar, tirando partido da excelência das movimentações dos seus jogadores, o recurso a um jogo mais directo é também possível, dada a capacidade germânica para este tipo de jogo, tanto no que diz respeito às primeiras como segundas bolas (também defensivamente, os alemães se revelaram fortes neste particular, sobretudo no inicio do jogo contra a Polónia que apostou muito em iniciar as suas jogadas com pontapés longos do guarda redes).
Defensivamente, o 4-4-2 clássico tem o problema dos espaços entre linhas. A resposta da Alemanha a esta dificuldade provocada pela disposição dos seus jogadores passa normalmente por diminuir esses espaços, aproximando os sectores. Isto implica um bloco mais baixo e menos pressionante numa primeira fase do jogo adversário. Claramente, parece-me que existe alguma possibilidade de explorar a transição defensiva dos alemães, quer nos momentos em que a dupla do meio campo demore a encontrar a segurança da proximidade com a sua linha mais recuada, quer nas perdas de bola que ocorram com os laterais bem abertos, como ocorre diversas vezes. Claramente, a Alemanha é uma equipa mais forte em termos ofensivos.
Individualmente, nota para a importância de Ballack, sendo o elemento de maior qualidade em posse de bola e tendo, paralelamente, uma notável percepção dos espaços, aparecendo com muito apropósito em zonas de finalização. Outro nome em destaque é Podolski. A sua adaptação a extremo é uma mais valia em termos ofensivos, destacando-se um movimento de recepção em posse para depois combinar com um dos avançados, atacando o espaço em profundidade.