11.5.09

Porto 08/09: Um campeão reconstruído

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No momento em que a festa se complicava foi da cabeça de Bruno Alves que surgiu o desbloqueio que a equipa tanto precisava. É curioso porque uma analogia, alargada à história deste campeonato, leva-nos a um outro momento em que o mesmo protagonista apareceu, ainda que de uma outra forma, mas com idêntico efeito positivo para a equipa, numa altura em que muito poucos (mas mesmo muito poucos!) eram capazes de projectar um final como o que se acabou por assistir. Reporto-me, como será fácil de lembrar, ao final da derrota portista na Figueira, quando o camisola 2 se dirigiu aos adeptos pedindo a união de todos para poder inverter um cenário negro em que a equipa parecia ter mergulhado. Era o fim de 3 derrotas consecutivas e em seguida o Porto reergueu-se, partindo para uma época em crescendo.


Há quem diga que este foi o melhor Porto de Jesualdo Ferreira e há até quem tenha defendido essa extraordinária tese de que as épocas anteriores tinham sido vividas à custa do trabalho de Adriaanse. A segunda é um total absurdo, mas não concordo com nenhuma destas ideias. O Porto de 07/08, do melhor Lucho e Lisandro foi o melhor desde o tempo de Mourinho e a equipa deste ano, ainda que tivesse outras virtudes, não chegou ao nível qualitativo da equipa que se passeou pelo campeonato do ano passado. Quanto ao tal creditar dos louros na “conta” de Adriaanse, só a posso ver como uma análise de quem não tem simpatia pelo “professor” e, principalmente, de quem não reflectiu convenientemente sobre o assunto. Desde o primeiro dia que Jesualdo implementou o seu modelo e com as suas metodologias. Os resultados, de resto, falam por si e deixam Adriaanse a léguas, sobretudo a nível Europeu.

Mas há uma ideia que também vejo repetida e com a qual concordo. O Porto 08/09 foi aquele onde há mais mérito de Jesualdo. Houve uma clara dificuldade de renovar o modelo e certas individualidades de peso, mas Jesualdo conseguiu com o tempo fazer uma transformação que readaptou alguns princípios do modelo, mas que não mexeu com os grandes princípios que fazem parte da ideia de jogo do treinador e que sempre estiveram presentes. Digamos que houve um ajustamento mutuo do modelo e das novas individualidades que demorou algum tempo mas que quando foi conseguido recuperou toda a qualidade que havia feito parte das equipas anteriores. Aliás, há várias coisas que são imutáveis nos 3 títulos de Jesualdo. Não vou entrar em escalpelizações, mas não posso deixar escapar o espanto que me causa o rendimento destas equipas em alturas de maior sobrecarga de jogos. Algo que só pode ser conseguido por uma enorme familiarização dos jogadores com o modelo implementado.

Momentos
Foi de facto uma época atípica, especialmente pelas dificuldades sentidas no inicio de Novembro. Acho particularmente interessante rever o que se disse e discutiu em cada um dos momentos que foram compondo a época. Nesse sentido, deixo aqui as análises (e os respectivos comentários) de 1 jogo por mês nesta caminhada. Nem sempre foi claro para mim qual o exacto caminho que a equipa haveria de percorrer e houve pontos em que me equivoquei. Também não posso dizer que tenha tido a certeza absoluta do que quer que fosse, porque isso em futebol não existe. Ainda assim, fico satisfeito por ler hoje o que escrevi depois do tal jogo com a Naval:

“Ainda assim, e apesar do pessimismo geral, creio que o Porto mantém uma ideia de jogo muito boa e sobretudo adequada ao consumo interno. Se não se desviar dela, estou seguro, permanecerá como um sério candidato ao título, apesar do que pensará nesta altura muita gente...”

Agosto: Porto 4-1 Cagliari (primeira experiência com Fernando a 6)
Setembro: Rio Ave 0–0 Porto (primeiro deslize)
Outubro: Sporting 1–2 Porto (Num mau momento, vitória potencialmente decisiva)
Novembro: Naval 1-0 Porto (A derrota que virou tudo)
Dezembro: Estrela 2-4 Porto (A 9ª vitória e confirmação de Hulk)
Janeiro: Braga 0-2 Porto (Vitória fundamental e arranque para a liderança)
Fevereiro: Porto 0-0 Benfica (Pouco conseguido, mas resultado importante)
Março: Leixões 1-4 Porto (Equipa no pleno, apesar das ausências)
Abril: Guimarães 1-3 Porto
(Demonstração de superioridade)


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