15.5.09

O Sebastião Galáctico

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A capa de ontem do diário “A Marca” não podia ser mais clara sobre o sentimento actualmente vivido entre as hostes “merengues”. O sentimento de impotência perante a superioridade do futebol do rival Barcelona provoca 2 reacções simultâneas e, diria, complementares. À rendição e resignação perante a evidência, junta-se um previsível e desesperado desejo de que surja um salvador que possa, rapidamente, inverter a situação. Uma espécie de ‘Sebastianismo’ madrilista que se personifica na figura de Florentino Perez, o mentor da era galáctica que caracterizou o clube no inicio desta década. Face a este cenário, para Florentino as eleições são pouco mais do que favas contadas, restando saber de que forma pensará o ex-Presidente ir de encontro às enormes expectativas que recaem sobre si. Uma coisa parece certa: está encontrado o epicentro dos rumores de mercado no Verão futebolístico de 2009.


A “era galáctica”
Florentino chegou ao Real no Verão de 2000, com a “bomba” Figo. Era apenas o inicio de uma série de contratações sonantes que tiveram o condão de catapultar o Real Madrid para o topo do ranking de clubes ao nível das receitas mas que, em matéria de títulos, ficou muito a dever aos milhões gastos. A seguir a Figo, veio Zidane, em 2001, juntando-se a Raúl, Roberto Carlos, Hierro e Casillas, e sob o comando de Del Bosque os resultados foram bons. Em 2 épocas, 1 campeonato e uma liga dos campeões. O que os apoiantes de Florentino parecem esquecer é o que se seguiu. Nomes como Ronaldo, Beckham e Owen continuaram a fazer as delícias das manchetes de Verão, transformando o Real numa espécie de equipa de exibição que, em competição, passou a ter muitas dificuldades em retirar o melhor de um colectivo tão centrado nas individualidades. De 2002 até 2006, ano em que saiu Florentino, o Real ganhou apenas o campeonato de 2003. Muito pouco para tantas expectativas, mas aparentemente suficiente para motivar tanto entusiasmo com o regresso do mentor desta estratégia.


Objectivo: Parar o Barcelona
Visto que o seu tempo não foi propriamente um caso de invulgar sucesso num clube tão vitorioso como o Real, parece-me que o entusiasmo em torno de Florentino se prende essencialmente pela capacidade que este revelou para dar um golpe como foi o “resgate” de Figo no Barcelona. Ou seja, mais do que vencer, os madrilistas esperam por algo que pare o Barça e é aqui que surje a esperança em Florentino Perez.
A verdade é que a tarefa de Florentino Perez não será nada fácil. Ao contrário do que acontece em Madrid, em Barcelona há mais do que um contrato de trabalho que prende os jogadores ao clube. Quase todas as suas principais figuras foram “criadas” na “cantera” e têm uma ligação afectiva forte com o clube que representam. Fazer com Messi o que fez com Figo, por exemplo, será impossível. Resta recorrer ao estrangeiro e aos nomes sonantes. Mas essa, em boa verdade, já vinha sendo a fixação do Real nos últimos anos e nomes como Kaka ou Cristiano Ronaldo são tudo menos novidade. O futebol europeu, de 2000 para cá, mudou. Os ingleses juntaram capacidade de investimento a uma política de futebol que privilegia muito mais a estabilidade e o trabalho continuado e superaram toda a concorrência europeia. Com o envelhecimento do Milan, resta o Barça que tem, também, uma política de continuidade por trás do seu sucesso.

Por tudo isto, talvez fosse melhor seguir o conselho de Zidane e olhar para o Barcelona. Isto, claro, se o objectivo não for só facturar...



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