Enganei-me! – Quando o Benfica empatou em Vila do Conde na primeira jornada pensei que ali teriam ficado 2 pontos para cada rival. Essa conclusão surgiu-me essencialmente pelas limitações que se reconhecem ao plantel do Rio Ave – claramente um dos mais débeis da prova. Pois bem, ao segundo jogo em casa o Rio Ave voltou a retirar pontos a um grande e, desta vez, confesso, gostei bem mais da exibição dos da casa – ainda que mantenha essa opinião de que nos Arcos mora um dos mais modestos planteis da prova. O Rio Ave tirou o melhor partido do adormecimento portista que durou cerca de 60 minutos no jogo, soube ocupar muito bem os espaços defensivamente e encontrou quase sempre as soluções certas quando teve a bola. No final, é verdade, foi encurralado pelo Porto mas nessa fase, pelo desgaste físico e pelo momento emocional do jogo é perfeitamente razoável que tal tenha acontecido. Para já dois espantosos empates frente a dois grandes e, quem sabe, não repetirá o feito frente ao Sporting...
Sem pressing... – Repetidamente tenho falado aqui dessa que considero ser a grande virtude do jogo portista. A qualidade do pressing. Se para todos é claro que a atitude dos primeiros, eu diria, 60 minutos portistas complicou a chegada à vitória, eu aponto à incapacidade de pressionar bem o grande condicionalismo para a criação de desequilíbrios nessa fase. O Porto não foi agressivo nem reactivo a pressionar, não causando perdas de bola à organização contrária nem neutralizando à partida as suas transições. O resultado foi a obrigação de jogar permanentemente em ataque organizado, perante um bloco bem posicionado e denso e que respirava a cada jogada, precisamente porque conseguia ter bola. Este não é o habitat do Porto mais forte que gosta de jogar em transição onde tira o melhor partido das roturas de Lisandro e inteligência de Lucho. Essa foi a grande diferença no final do jogo, com uma reacção mais forte à perda de bola, o Porto impediu o Rio Ave de jogar e manteve o jogo em permanência junto da baliza contrária. Nessa fase, no entanto, fez falta o tempo perdido.
Alas – Foi um problema que cheguei a levantar na pré época. Independentemente da qualidade que se lhe reconhece, Rodriguez ainda revela uma grande independência exibicional, fazendo-se notar quase sempre por acções individuais e não tanto colectivas. Quando, como em Vila do Conde, a equipa tem dificuldade em soltar Lucho no espaço entre linhas ou recorrer às roturas de Lisandro, o papel dos extremos torna-se mais necessário e, neste caso, demasiado dependente das suas inspirações individuais. Rodriguez e Mariano, neste aspecto estiveram muito abaixo do potencial que se lhes reconhece e penso mesmo que o Porto sentirá falta (não vou falar dos que não estão) de Tarik.
Fernando e a posição 6 – Num jogo em que o problema esteve sobretudo na atitude colectiva pode parecer um pouco cruel apontar o dedo a exibições individuais, mas torna-se incontornável não abordar a performance de Fernando. Já tinha referido que Fernando é o jogador que mais se encaixa no perfil da função mas que, ao mesmo tempo, está por provar a qualidade com que a desempenha. Domingo à noite isso ficou muito claro. Pouca capacidade de ser dominador na sua zona e uma exagerada contenção posicional não ajudaram em nada o papel do meio campo, particularmente nessa intenção de subir para pressionar. O fantasma de Paulo Assunção continua bem vivo e parece ser motivo para pensar numa ida ao mercado em Janeiro. Já agora, não percebi porque ficou os 90 minutos em campo...