20.2.07

Nacional - Benfica: Sinal de Força!

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Das deslocações à Choupana não se espera outra coisa que não sejam dificuldades. De há uns anos a esta parte, o Nacional juntou à especificidade do seu terreno (altitude e dimensão do relvado) um nível qualitativo acima da média do nosso campeonato – quer no que respeita a jogadores, quer a treinadores. Vencer na Choupana é, por isso e desde logo suficiente, sendo que vencer e convencer representa sempre um sinal de força quer para adeptos, quer para a própria equipa – foi isso que conseguiu o Benfica Domingo à noite!

Curiosamente, Fernando Santos começou por incluir no seu 4-4-2 Simão, Rui Costa e 2 avançados, o que fazia antever uma adaptação de características diferentes a um mesmo esqueleto. Seria interessante analisar melhor mas, naturalmente, 12 minutos não são suficientes... O Benfica, mesmo sem o seu “maestro”, prosseguiu na execução da sua missão e desde cedo se percebeu que havia qualidade de processos em dose suficiente para fazer face a um Nacional atipicamente incapaz de mandar no jogo, por poucos minutos que fosse (acrescento que o Nacional é, na minha opinião, das poucas equipas que em Portugal ataca melhor do que defende). Ainda assim, a primeira parte decorreu sem grande dinâmica e com um Benfica talvez demasiado avisado para os perigos desta sempre temível deslocação. A partir dos 35 minutos, no entanto, o jogo começou a tornar-se mais descomprimido para os ‘encarnados’, ficando igualmente mais claro para todos qual o cariz que a partida tomaria a partir daí...
Com um ataque móvel, ágil e veloz, o Benfica é hoje uma formação difícil de segurar. Simão adaptou-se e faz de 10 com um brilhantismo por vezes até superior a muitas das suas mais fulgurantes actuações como extremo – o segredo desta adaptação está, no meu entender, na forma como Simão utiliza a liberdade para aparecer de forma imprevisível junto às linhas, não caindo no erro de fazer do corredor central uma obrigação e evitando assim jogar no espaço entre-linhas onde, claramente, as suas características não encontram o melhor enquadramento. Há ainda um homem que deve ser destacado: depois de tudo o que dele se disse, Fernando Santos manteve-se indiferente e fez o seu trabalho – criou um modelo e sistematizou rotinas com os melhores que julga ter. Disse-o na altura e mantenho-o, o “engenheiro” foi uma boa escolha e para o perceber basta olhar para os números da sua carreira (fica a promessa de uma melhor pormenorização num futuro próximo!)
Lance Capital - Quando se juntam genialidade de uns e desconcentração de outros
Há 15 dias trouxe aqui um exemplo de como a marcação ao homem do Nacional foi desfeita de uma forma simples pelo ataque do Sporting. Hoje, trago igualmente um lance que não é em nada abonatório para a organização defensiva dos madeirenses... O primeiro golo do jogo surge de um lançamento lateral que vai ser transformado em golo em apenas... 5 toques!
No lance há que repartir o mérito da genialidade do movimento de Miccoli com o demérito da lentidão e desconcentração dos jogadores do Nacional. Fazendo uma marcação ao homem, os nacionalistas vão demorar demasiado tempo a "encaixar" nos seus adversários e, após o primeiro toque de Miccoli, a sua "teia" é desmontada. Ficam aqui igualmente patentes as desvantagens de se ter no homem a principal referência para os processos defensivos...



- No primeiro momento surge o movimento mais desconcertante e genial da jogada - o calcanhar de Miccoli! O italiano vai, de primeira, devolver a bola para à desmarcação de Nelson, rodando ao mesmo tempo e fugindo assim a uma marcação que ficou fatalmente comprometida...

- A segunda imagem ilustra o emparelhamento de jogadores promovido pelo sistema defensivo do Nacional. É neste momento que Miccoli invade um espaço proibitivo sem que houvesse acompanhamento. Alonso - o seu marcador directo - "larga" o italiano devido à ausência de marcação a Karagounis que aparece solto na zona onde agora se disputa o lance. Por outro lado, no centro do campo, é possível constatar a grande focalização na marcação ao homem. Inclusive, vemos Chainho de costas para a área e Nuno Gomes no 1x1 com Ricardo Fernandes numa zona proibitiva!

- Finalmente, no terceiro momento e imediatamente antes da finalização de Miccoli é possível verificar a liberdade que foi concedida ao italiano e as reacções de desespero de Chainho e Alonso... é tarde demais!

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