Sistema táctico
4-2-3-1
Orientações defensivas
Devo começar por dizer que se tivesse de eleger a equipa que mais me impressionou positivamente nestes jogos de preparação – relativamente às expectativas já existentes, sublinho – essa equipa seria a Bósnia. A sua proposta de jogo implica algum risco táctico, mas no caso da equipa bósnia a qualidade revelada pareceu-me bastante elevada e capaz de interpretar os pressupostos do seu arrojado modelo.
Defensivamente, a equipa pressiona em toda a extensão do campo, com destaque para o adiantamento dos extremos, que se aproximam muito da primeira linha de pressão. Aqui, nota também para o papel de Misimovic – um jogador fulcral em toda a dinâmica da equipa – que oscila entre a presença na primeira linha de pressão, junto de Dzeko, ou mais próximo da linha média. A equipa conseguiu um bom condicionamento pressionante dos adversários com quem jogou, mas existe um risco implícito nesta abordagem, e que pode depois conduzir a algum desequilíbrio posicional em zonas mais recuadas, uma vez batida a primeira fase de pressão. Este risco pode ser ainda mais potenciado se esta estratégia for aplicada em condições de temperatura e humidade elevadas, devido ao desgaste que se prevê. Uma nota final para o equilíbrio posicional da equipa, quando em posse de bola, com a linha defensiva muito próxima da linha da bola, o que determina uma grande capacidade de reactividade imediata à perda, mas também um risco elevado no caso dessa primeira reacção ser batida.
Orientações ofensivas
A meu ver, o grande mérito da equipa e a grande melhoria relativamente à equipa que defrontou Portugal há 2 anos, reside nas mudanças encetadas no corredor central, onde está o ponto forte desta versão actual. Pjanic é um jogador de grande qualidade e capacidade para ter bola, e passa agora a integrar o duplo pivot, ao contrário do que sucedia no passado, quando jogava encostado a um corredor. Ao seu lado tem jogado Besic, que vem sendo um parceiro bastante competente do médio da Roma, na dinâmica de circulação baixa (Besic é ainda muito jovem e se a equipa bósnia tiver o realce que penso estar ao seu alcance, pelo menos na primeira fase, então muito provavelmente será dos nomes a ganhar bastante projecção com este Mundial). À sua frente, Misimovic, que tem uma missão nuclear nesta equipa, partindo de posições mais profundas, mas aparecendo invariavelmente na zona da bola, para formar com Besic e Pjanic um trio que tem garantido uma notável capacidade de circulação à equipa – a primeira parte contra o México foi excelente! De referir ainda algumas características do jogo ofensivo bósnio, nomeadamente a projecção em profunidade dos 2 extremos, que faz com que a equipa tenha quase sempre muito boa presença sobre a última linha contrária. Uma situação que poderia retirar alguma presença na zona da bola e debilitar o jogo em apoio, mas que face à qualidade revelada pelo trio acima mencionado, não tem representado qualquer limitação. Enfim, confesso a expectativa para ver esta equipa em acção no Mundial…