21.6.14

A caminho do Maracanã #9

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Itália - Costa Rica
Novo jogo, nova surpresa, e igualmente com justiça face àquilo que as duas equipas produziram.
Do ponto de vista táctico, diria que depois de termos visto a equipa espanhola a não ser capaz de tirar partido da exposição interior do seu adversário (Chile), agora vimos algo igualmente inesperado, com a Itália a não ser capaz de tirar partido da profundidade, oferecida pelo posicionamento da linha defensiva costarriquenha. E nem era preciso recordar Inzaghi, que tantas vezes fez mossa a jogar no limite do fora de jogo, porque o futebol italiano continua a ter alguns intérpretes muito fortes nesse tipo de movimento, sendo que provavelmente Balotelli não seria o jogador mais indicado para tal especificidade. Pegando neste e noutros aspectos, fica-me a ideia de que houve uma má preparação específica da Itália para este adversário. Pela falta de soluções criadas no espaço entrelinhas, para poder dar sequência à sua tão característica circulação baixa (Cassano entrou para tentar corrigir isso, na segunda parte), e pela falta de esclarecimento na tal definição das jogadas perante a linha defensiva da Costa Rica, com bastantes decisões pouco conseguidas e sobretudo uma incompreensível falta de concentração de alguns jogadores relativamente ao fora de jogo, sendo que na maioria dos casos essas situações ocorreram em situações junto às linhas laterais, onde havia a possibilidade de controlar a linha defensiva e não existia sequer a necessidade de antecipar o movimento de rotura. Enfim, foi a meu ver uma grande oportunidade perdida para a Itália, que continua a revelar muita capacidade para ter bola em zonas mais baixas, mas que parece bem menos esclarecida relativamente às suas soluções colectivas no último terço. Para além disto, há ainda a questão do pressing defensivo, que voltou a parecer-me pouco intenso e muito demasiado perante a circulação adversária, o que impede a Itália de ser uma equipa com a presença posse que a sua capacidade para ter bola sugere. Tudo considerado, e se não corrigir alguns destes aspectos, a Itália corre sérios riscos de ser eliminada no jogo frente ao Uruguai, que tem uma intensidade muito superior, colocando em sério risco um apuramento que, depois da vitória frente à Inglaterra, tinha tudo para ser confirmado.

Suíça - França
Com esta exibição, não tenho dúvidas, a França deixará de ser olhada com a desconfiança que ainda lhe sobrava de 2010, para gerar grandes expectativas em praticamente todos. Não vou dizer que a goleada fosse previsível, mas não me confesso surpreendido pelas dificuldades impostas à equipa suíça. Os helvéticos já haviam revelado grandes dificuldades na dinamização do seu jogo, frente ao Equador, e sendo o adversário a França esse nível de exigência certamente aumentaria muito. Confirmaram-se, pois, as dificuldades de ligação no jogo suíço, com erros que potenciaram as transições gaulesas, mas como se viu o problema esteve longe de se ficar por aqui. A França não terá o requinte técnico de outras equipas, nem tão pouco a mais culta tacticamente, mas tem outras virtudes que a tornam temível e difícil de contrariar. Com a saída da Espanha, será provavelmente a segunda maior candidatura entre os europeus, e já não surpreenderá ninguém se chegar até ao fim desta escalada...

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