Colômbia - Costa do Marfim
Ambas tinham armas para poder acreditar na vitória, e a esse nível parece-me que os valores até eram bastante próximos. Mas, na prática, foi a Colômbia quem esteve quase sempre melhor, nomeadamente por ter mais capacidade para estrategicamente explorar o momento de transição, em particular na potenciação do erro adversário, assim como no rápido aproveitamento dos espaços.
No que respeita à Colômbia, será sempre uma equipa complicada de contrariar devido à forma como se protege através de uma estratégia de baixo risco, e depois potencia as suas hipóteses de sucesso pela qualidade individual que tem. E aqui, na qualidade individual, nenhum nome sobressai mais do que James Rodriguez. Já o tinha destacado como a unidade chave do modelo colombiano, mas James foi ainda mais longe na transversalidade da sua influência, marcando um inesperado golo de cabeça e identificando muito bem a oportunidade de pressão, para protagonizar a intercepção decisiva para o segundo golo. Mudando de contexto, continuo a manter a opinião de que foi provavelmente o primeiro motivo para a diferença de rendimento da época portista. Um craque!
Uruguai - Inglaterra
Muito melhor o Uruguai, a recolocar-se em posição para atacar uma qualificação que, ainda assim, continua difícil. Dois aspectos chave, a meu ver, na exibição da 'Celeste': primeiro, uma atitude mais arrojada em termos de pressing. Depois, claro, Luis Suarez! Havia referido que boa parte das dificuldades de rendimento no jogo frente à Costa Rica tinham de estar ligadas à ausência de um jogador com a sua qualidade, e ao ver a forma como se movimenta para ganhar espaços essenciais, creio que quaisquer dúvidas ficam desfeitas. Ainda a este respeito, destacaria o timing do seu movimento para o primeiro golo, convergindo na perfeição com a leitura que Cavani estava a fazer o lance. Perfeito!
Quanto à Inglaterra, e salvo uma conjugação agora muito improvável de resultados, trará do Brasil mais uma desilusão para juntar a um currículo cada vez mais penoso. A equipa, é bom ressalvar, perde dois jogos equilibrados e onde facilmente poderia ter conhecido outro destino, mas a questão não me parece ser essa. A questão é, antes sim, que a Inglaterra falha sistematicamente em ter uma abordagem que tacticamente ajude a potenciar a qualidade que, apesar de tudo, os seus recursos sempre lhe vão oferecendo. Desta vez, há uma série de equívocos de que já escrevera na antevisão, e que não vale a pena repetir. Fala-se, agora, da juventude e no potencial da sua nova geração. Para quem tem memória, porém, dificilmente o entusiasmo poderá ser muito, se recordarmos os resultados de gerações que combinaram Beckham, Shearer, Owen e Scholes, ou Gerrard, Lampard, Terry e Rooney. Nesta perspectiva, parece-me difícil ficar muito entusiasmado com as promessas de Sturridge, Sterling ou Welbeck...
Japão - Grécia
Seguramente, um dos jogos menos entretidos do Mundial, até agora. A atitude reflexa passará por associar a Grécia a mais um jogo mais fechado, mas eu pergunto qual das equipas merecerá mais responsabilidades por não ter conseguido maior proximidade com o golo? A resposta, olhando para o jogo e para os recursos individuais, tem indiscutivelmente de apontar para o lado nipónico. Foi o Japão quem usufruiu de superioridade numérica durante mais de metade do jogo, e era também do seu lado que estavam os principais recursos criativos do jogo. A propósito, será que Zaccheroni concluiu que o problema da sua dificuldade em integrar, ao mesmo tempo, Honda e Kagawa, se resolvia com a retirada de um dos dois? Ironias à parte, esta equipa do Japão tem confirmado a ideia que partilhei na antevisão e de que se trataria de uma das mais sobrevalorizadas equipas da competição. Mesmo jogando contra uma Colômbia possivelmente desfalcada, as suas hipóteses são agora muito remotas. Quanto à Grécia, e em sentido contrário, não posso ter outra coisa se não respeito por esta equipa, que é de longe a mais modesta das participantes europeias, mas que tem a seu favor uma proposta de jogo que me parece bastante ajustada às suas características. A Grécia, do meu ponto de vista, teve dois jogos bastante ingratos, primeiro sendo muito penalizada pela eficácia, frente à Colômbia, e agora vendo-se reduzida a 10 jogadores durante mais de meio jogo. E, ainda assim, as suas hipóteses de qualificação permanecem perfeitamente em aberto...