14.12.09

Sporting - Leiria: Não basta o lado técnico-táctico do jogo

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Se o futebol fosse apenas determinado pelos aspecto técnico-tácticos, este seria um resultado bastante difícil de explicar. Porque o Sporting não fez, nesse plano, um mau jogo. Longe disso, aliás. Falta, no entanto, o outro “reagente”, o lado psicológico. E é precisamente por aqui que se explica a derrota caseira de um Sporting que nunca dominou emotivamente o jogo, apesar de o ter feito claramente noutros aspectos.

Começou por não complementar a boa entrada no jogo com uma atitude mais agressiva no último terço. Depois, sentiu de forma clara o primeiro momento ofensivo do Leiria, disparando imediatamente os níveis de ansiedade e percentagem de erros. No seguimento deste descontrolo, sofreu o golo de forma muito consentida, fruto de uma resposta pouco concentrada a um lance de acessível resolução. Finalmente, quando tentou reagir, não teve a tranquilidade necessária para conseguir eficácia ofensiva. Tudo dados de resposta psicológica, fundamentais na definição do encontro.

O lado “não psicológico”
No que respeita à organização e ao esclarecimento daquilo que é a sua orientação em termos de princípios de jogo, a equipa voltou a mostrar-se bastante bem. Voltou, desde o inicio, a fazer da circulação e do jogo apoiado uma prioridade, registando, aliás, evoluções em relação a amostras anteriores (a presença de Miguel Veloso no meio foi uma mais valia neste particular) e manteve a mesma coerência em períodos de dificuldade no jogo. Houve momentos em que se perdeu eficácia técnica, mas nunca a orientação em relação aos princípios de jogo do seu modelo.

Onde falhou – e também na mesma linha de jogos anteriores – foi na ligação com o derradeiro terço de campo. Houve, aqui, um óbvio contraste entre as 2 metades do jogo. É evidente que parte da explicação tem a ver com a circunstância do próprio jogo, mas poderá também relacionar-se com as soluções de passe criadas sobre a última linha defensiva do Leiria. Na primeira parte, elas foram muito poucas, com a equipa condenada a tentar combinações sobre as laterais que, por motivos diversos, nunca encontraram o melhor desfecho. Na segunda, pelo contrário, houve mais soluções de passe criadas na última linha defensiva leiriense e o efeito foi notório. Talvez seja imprudente conclui-lo de forma convicta, mas ficou a ideia de que o 4-4-2 da segunda parte ajudou a equipa neste particular das soluções de passe sobre a última linha defensiva contrária. Não que tal não possa ser feito com um 4-3-3, mas aparentemente não há ainda da parte dos médios uma cultura de movimentos que crie esse tipo de solução e, por isso, poderá justificar-se uma aposta inicial pelo 4-4-2 em jogos de circunstâncias idênticas.

Seja como for, para quem vê as coisas para além do resultado, fica claro que há uma orientação e rumo táctico mais do que viável para esta nova etapa do Sporting. A sua taxa de sucesso dependerá da capacidade de análise e ajuste de quem orienta a equipa e, como facilmente se percebe, do tal lado psicológico que tanta relevância tem para este jogo.

Leiria
É verdade que teve alguma felicidade na forma como garantiu os 3 pontos, e pode-se dizer também que beneficiou muito do efeito da instabilidade emocional reinante do outro lado, mas o Leiria teve bastante mérito naquilo que conseguiu. Pelo menos na primeira parte. Manteve um bloco curto e médio-baixo, mas não com uma linha defensiva baixa que o encurralasse na sua própria área. Depois, destaque para a qualidade individual do Leiria. Mesmo sem Carlão, teve um Cássio de aparições breves mas impressionantes no que respeita à eficácia de movimentação, ao lado do “miúdo maravilha”, Tiago Luis, e na frente de um dos meio campos mais técnicos desta liga. Tudo isto, claro, na primeira parte, porque na segunda, pouco mais conseguiu do que saber sofrer...
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