1.12.09

O pressing do novo Sporting e a qualidade do Benfica

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Foram vários os detalhes tácticos ao longo dos 90 minutos. Apesar dessa fartura, optei por trazer apenas um, que considero ser bem explicativo, por um lado das novidades ao nível do pressing do Sporting e, por outro, da qualidade ofensiva que possui este Benfica. Na verdade, esta foi a situação que mais se repetiu nos primeiros 30 minutos, sendo que o Sporting a resolveu na maioria dos casos com sucesso, conseguindo até algumas transições perigosas a partir de recuperações. Neste caso, porém, o destino foi outro.

Sporting – O novo pressing de Carvalhal
Como tantas vezes repito, o que há de mais secundário na “táctica” das equipas é o sistema. Aqui está mais um exemplo. O Sporting mudou de sistema, mas o que realmente mudou foi a forma como se movimenta nos diversos momentos. No caso do pressing em organização, em vez de ter 2 avançados muito agressivos e actuando lado a lado, o Sporting tem agora 2 jogadores dispostos verticalmente, que não parecem correr muito, mas que têm uma missão fundamental no comportamento defensivo da equipa. Liedson e Matias têm, como missão mais importante, impedir a rotação de jogo, forçando o adversário a sair pelo flanco onde está a bola. Liedson bloqueia a rotação pelo central e Matias pelo “pivot” (1). Esta tarefa dos dois jogadores da frente possibilita que a restante equipa se posicione sobre o flanco onde vai sair a bola. E, aqui, os 2 médios defensivos adoptam um comportamento assimétrico. Pode parecer que Moutinho está a acompanhar Aimar, mas não é isso que acontece. Com Liedson e Matias mais posicionais, é Moutinho quem tem ordem para subir e pressionar o central que tem a bola, assim que ele assuma a iniciativa. O espaço nas suas costas é coberto pelo outro médio, Adrien (2). Finalmente, outro aspecto importante e que marca a diferença em relação àquilo que era prática no modelo anterior é a linha defensiva, que se apresenta mais alta e fazendo mais recurso à arma do fora de jogo (3). Este será provavelmente o aspecto mais difícil de conseguir por parte de Carvalhal para este momento defensivo, e foi, também, aquele onde o Sporting revelou mais dificuldades, notando-se, por exemplo, a diferença qualitativa em relação àquilo que faz o Benfica. É preciso muito “nervo” dos defesas para ficar e não baixar, e essa capacidade de decisão é fundamental para o sucesso da equipa. No caso, não era fácil, mas a linha que é comandada por Polga (porque é quem está à frente do lance), não resiste à tentação de recuar ligeiramente, sendo o suficiente para habilitar Cardozo. Ainda sobre a jogada, e para terminar, focar o que acontece com Carriço que sobe para pressionar Saviola, mas que não consegue impedir a rotação do argentino, hesitando entre fazê-lo e tentar controlar o espaço que é ameaçado por Di Maria. Esse é o pormenor que desbloqueia a jogada.

Benfica – qualidade de circulação
Vista a estratégia do Sporting, que foi bem interpretada, diga-se, interessa rever como o Benfica consegue, apesar das dificuldades, criar problemas ao Sporting. Dois aspectos são fundamentais, em termos colectivos, a qualidade de movimentos, e em termos individuais, a capacidade dos intérpretes. Muito importante, primeiro, David Luiz. A bola quase sempre sai pelo mais recente capitão e a verdade é que se o central ainda tem algo a melhorar em termos de decisão, tem também um potencial e uma qualidade fantástica em vários aspectos do jogo. Um deles é precisamente na saída de bola, executando com muita qualidade e tendo essa vantagem muito rara que é a de jogar com os 2 pés. Outro dos destaques vai para os corredores laterais, a escapatória recorrente para o inicio das jogadas que encontram bloqueios ao meio. A qualidade técnica é um requisito obrigatório nos extremos, claro, mas também nos laterais. Jogar rápido, bem e sob pressão não é para todos. No lance em causa, aliás, a qualidade neste particular é determinante para fazer a bola chegar rapidamente e em boas condições a Saviola, apesar da pressão. Saviola, aliás, é outro destaque. Se no corredor central Javi é mais fácil de neutralizar e Aimar não pode encontrar sempre soluções de passe, Saviola é absolutamente fundamental. Ao baixar, cria uma solução extra e muitas dificuldades para a defesa contrária que se vê, como no caso de Carriço, obrigada a sair da posição e tendo depois muitas dificuldades para parar a qualidade do “Conejo”.
O lance retrata exactamente como o Benfica conseguiu, apesar de bem pressionado, apesar de ter Aimar “tapado”, encontrar soluções. A solução esteve na e na interpretação praticamente perfeita de um movimento treinado e que acabou com uma boa possibilidade de finalização para Cardozo.
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