16.12.09

Mercado de Inverno: Airton

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Será, provavelmente, a primeira contratação de um ‘grande’ no mercado de Inverno. Airton dará seguimento à euforia do título conquistado com mais um passo importante na carreira de qualquer jogador sul americano: o "salto" do Atlântico. Do lado do Benfica, a aposta percebe-se facilmente e deixa, ainda, em aberto um cenário provavelmente planeado pela gestão encarnada: a saída de Javi Garcia provavelmente no próximo Verão. É assim que encaixa todo o puzzle.

Começando pelo que mais interessa, a parte técnica. Airton é um protótipo perfeito do jogador idealizado por Jesus para a posição de "pivot". Todos os requisitos base estão garantidos. Ou seja, poder aéreo, disciplina táctica, capacidade defensiva e competência para executar bem quando a bola passa pelos seus pés. Airton tem tudo isto, destacando-se pela forma madura como, com apenas 18 anos se começou a impor no Flamengo, realizando, aos 19, uma época fantástica em termos de competência e regularidade. Quando encosta na marcação é muito difícil de evitar e quando a bola lhe chega aos pés não treme, procurando sempre o passe seguro para dar seguimento à jogada. Convém ainda referir que Airton faz também a posição de defesa central, onde jogou durante praticamente metade da temporada.

A capacidade “bruta” está lá e é mais do que suficiente para que Airton venha cumprir na perfeição a missão táctica, mas o “teenager” carioca tem ainda de ser trabalhado. No Flamengo foi também conhecido por algum excesso de dureza, mas não é esse o principal desafio. Conhecer bem o modelo, a interacção com o posicionamento dos companheiros, o privilegiar das referências zonais e não individuais e ter de lidar com um futebol mais pressionante e capaz de potenciar o erro, são as metas para a integração do jogador. Mas, reforço a ideia, se a capacidade existe, o trabalho táctico não deve ser obstáculo, demore mais ou menos tempo a ser conseguido.

Preparar a venda de Javi Garcia?
Se a avaliação do perfil encaixa perfeitamente na posição pretendida, o investimento, pelos valores falados, torna-se mais difícil de explicar. Apesar da sua polivalência será difícil pensar noutro lugar para Airton que não aquele onde joga Javi Garcia. Por outro lado, por muito jovem que seja o jogador – e é – um investimento tão avultado é difícil de rentabilizar de chuteiras estacionadas no banco de suplentes. Para mais, se fosse apenas para encontrar alternativa ao espanhol, seria bastante fácil encontrar competência para uma função de poucas exigências técnicas por um preço ridiculamente mais barato. Ou seja, tudo somado, só faz sentido pensar numa opção por Airton na perspectiva de uma venda futura de Javi Garcia, provavelmente no final da época. E é bem possível, sabendo-se do poder económico existente no mercado que mais atentamente acompanhará o bom trajecto que o ex-Real Madrid vem conseguindo em Portugal...

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