10.9.09

Hungria - Portugal: Valeu a pena o tédio

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Reforçar a importância de não sofrer, como que dando por garantido que se iria marcar, só pode ter sido uma forma de retirar pressão de um sector ofensivo com evidentes problemas de ineficácia. A verdade, porém, é que as especulativas palavras de Queiroz antes do jogo passaram a fazer todo sentido quando Pepe marcou de forma madrugadora. Se o seleccionador acertou em cheio, e até de forma surpreendente, neste primeiro prognóstico, falhou totalmente quando anteviu 90 minutos de elevada emoção. De facto, será difícil alguém se lembrar de um jogo tão entediante. Culpa primária para a postura húngara, mas também para alguma desinspiração das cores nacionais.
Se havia dúvidas, os primeiros minutos esclareceram. A Hungria foi para o jogo com uma estratégica conservadora, obcecada em tirar espaços e em manter equilíbrios. Defender, portanto. O outro lado do seu jogo, o ataque, resumia-se a um jogo directo de pouca qualidade (mais uma vez reforço a ideia, um adjectivo que abunda muito pouco neste grupo). As hipóteses húngaras, portanto, estavam praticamente reservadas para as bolas paradas que, a espaços, ia conseguindo nas imediações da área portuguesa.

Para esta estratégia, um golo madrugador como o que Pepe conseguiu é uma machadada séria. Já para Portugal, terá sido ouro. É que, mesmo tendo grande tempo de posse de bola, Portugal nunca revelou capacidade para criar problemas ao bloco defensivo contrário. Pouca qualidade na criação de apoios à posse, aliada a uma ausência de rasgos de inspiração explicam estas dificuldades para furar uma defesa densa, baixa e agressiva. Difícil de bater, portanto. O problema para Portugal foi sempre a ausência de espaços, com a equipa forçada a jogar sempre em organização e quase nunca em transição.

Curioso foi o inicio da segunda parte. Curioso e monótono. A Hungria, mesmo em desvantagem, manteve a postura e Portugal, perante esse cenário, preferiu chamar o adversário em vez de, cegamente, partir para cima. Na verdade, e apesar de desagradável para o espectador, esta terá sido uma atitude inteligente da equipa nacional. É que a Hungria pretendia precisamente que Portugal fizesse o contrário, que partisse em posse para a zona densa e que daí pudessem resultar, depois, pontos de partida para transições que aproveitassem o espaço que existia do outro lado do campo. A consequência, para além do tédio, foi o desmontar da estratégia húngara e um passo mais em direcção à vitória. O único senão, claro, foi não se ter resolvido o jogo de vez, tornando inevitável a ansiedade dos momentos finais.

Duas notas, finalmente, sobre as opções tácticas. Deco lesionou-se e daí resultou, outra vez, uma mudança de sistema. Não faz sentido. As opções devem ter a ver com uma opção estratégica e não com a disponibilidade de uma ou outra individualidade. Isso, e o pormenor de me parecer contra producente que uma equipa salte constantemente de sistema, acabando por não se consolidar, com qualidade, em nenhum. A outra nota tem a ver com substituição final. Tiago por Rolando. Lembrou-me o final do jogo em Alvalade contra a Dinamarca. Na altura, com outra moral, Queiroz optou por Moutinho para o lugar de Nani, quando tinha no banco Bruno Alves e a Dinamarca ia tentar evitar a derrota com um jogo mais directo. Como as coisas mudaram...

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