Muito estranho, de facto, este jogo para o Sporting. Sem pré aviso, viu-se numa dupla desvantagem que aconteceu. Como se isso não bastasse, a noite foi de desinspiração quase geral ao nível das individualidades, com vários erros e más decisões. Tinha, portanto, tudo para ter perdido, mas... ganhou. Ganhou porque teve alma e vontade suficiente para acreditar e, mais importante ainda, porque teve um adversário que na primeira parte lhe deu demasiados espaços e demasiadas facilidades para poder atacar. Aliás, suspeito mesmo que a reviravolta se teria consumado bem mais cedo caso o intervalo tivesse tardado mais alguns minutos. É que se o Sporting, mesmo sem qualidade acrescida em relação ao seu registo recente, foi suficiente para criar uma catadupa de embaraços na área do Olhanense na primeira parte, na segunda isso não aconteceu. E não aconteceu porque os de Olhão jogaram mais juntos e mais baixos, reduzindo os espaços e potenciando a tal tendência para o erro dos jogadores do Sporting.
Como balanço colectivo, não se pode dizer que algo tenha piorado ou melhorado em relação ao passado recente. A maior critica a fazer neste plano vai para a reacção à perda de bola, mais lenta do que o desejável, e para a performance da sua transição defensiva. Não que isso tivesse permitido ao Olhanense muitos lances de perigo, mas impediu um domínio mais continuado no jogo e um jogo mais aberto do que aquilo que interessava ao Sporting. Fica agora a expectativa para um teste difícil e relevante para a qualidade da equipa.
Olhanense: talentosos e inocentes
Não foi de espantar a exibição da equipa de Olhão. Tem grandes executantes do meio campo para a frente, temíveis no 1x1 e a definir jogadas. E como o foram no inicio do jogo! A verdade, porém, é que este Olhanense de Jorge Costa é também a continuidade dos defeitos que o treinador já revelara em Braga. Uma equipa demasiado estendida no campo, com muitos espaços entre os jogadores e que, por via disso, se torna permeável. E foi-o imensamente no primeiro tempo. Na segunda parte juntou mais as linhas, tornou-se menos capaz de chegar à frente com bola mas, pelo menos, resistiu mais. O problema, claro, é que já foi tarde de mais. Fica, desde já, o aviso para outras experiências deste gênero e que lhe podem ser bem mais penosas, bem como a idéia de que num campo mais pequeno poderá ser mais eficaz. Por fim, dizer que faltou ver o outro lado do Olhanense e das equipas de Jorge Costa que é a capacidade mental para reagir à adversidade e acreditar sempre. Fica para outras núpcias...