18.9.08

Porto - Fenerbahce: Era escusado sofrer...

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Para além dos nomes - Para quem procurou fazer uma antevisão do confronto com base nos nomes dos dois elencos pode ter ficado particularmente impressionado com as figuras do Fenerbahce, prevendo mesmo grandes dificuldades para o arranque portista na Champions. De facto não é pelos nomes que os turcos ficam a perder, mas para quem conhece as duas equipas fica fácil reconhecer uma superioridade inequívoca dos dragões. A diferença está, por isso, na qualidade dos processos colectivos que são incomparavelmente melhores e mais bem trabalhados por Jesualdo Ferreira. Neste duelo particular de treinadores não posso deixar de destacar a especial desinspiração de Aragonês neste jogo. Começou por demonstrar respeito pelo adversário, mas um respeito cego porque apenas se reflectiu nas opções e não nos comportamentos. O 4-4-1-1 teve um duplo pivot mais claro no meio campo, libertando Alex para jogar nas costas de Guiza. Depois, nas alas, revelou uma preocupação em colocar jogadores que ajudassem no preenchimento da zona central, destacando-se a presença do estático Emre em vez da capacidade desequilibradora de Kazim Kazim. Como o futebol não é xadrez, estas opções posicionais de nada valeram para conter o pressing portista. Depois, mais tarde, resolveu introduzir um jogador que nada acrescentava ao jogo (Josico) e que, ainda por cima, estava lesionado, queimando logo 2 substituições, o que obrigou a retardar a terceira.
Ao ver estes turcos com tanto dinheiro e apoio, pergunto-me onde poderiam chegar se realmente soubessem para onde direccionar os seus investimentos...

Mais uma vez, o pressing – Os minutos iniciais mostraram a diferença enorme na forma como as equipas pressionam. O Fenerbahce pouco incomodou a posse de bola portista. O Porto asfixiou o jogo turco. A vantagem poderia nem ter chegado tão cedo (e curiosamente os golos nem resultaram de roubos de bola) mas o que aconteceu foi a consequência do domínio que o Porto conseguiu impor pelas dificuldades que causava ao Fenerbahce sempre que este tentava ter bola. 2-0 no primeiro quarto de hora, com dois belos golos, e os turcos a acumular erros... Parecia que ia dar goleada.

Má gestão – Com uma superioridade tão grande no jogo, porque é que o Porto baixou o bloco? Porque é que passou a deixar o Fenerbahce jogar, com 75 minutos pela frente? Na verdade é um instinto natural e, mais do que isso, normal. Muitas equipas fazem-no. No caso, no entanto, ao fazê-lo o Porto perde a sua principal virtude porque o seu pressing baixo não é, nem de perto nem de longe, tão forte como quando o faz com as linhas subidas. Se o objectivo é baixar o ritmo do jogo, porque não fazê-lo através uma maior valorização da posse de bola? Na verdade, o Porto continuou a usufruir das melhores oportunidades, fruto de transições a partir de perdas de bola causadas por momentos de pressão que, aqui e ali, se identificaram, mas esse controlo do jogo deveu-se muito ao facto do Fenerbahce ter permanecido uma equipa pouco lúcida e incapaz durante quase todo o jogo. É um comportamento que, a meu ver, merece reflexão para uma prova como a Champions.

Sustos finais – Como referi, apesar da tal opção errada de baixar tão cedo as linhas, o Fenerbahce foi quase sempre inofensivo. Na realidade, o próprio golo aconteceu na primeira ocasião (muito mérito de Alex) e o 2-1 era um resultado extremamente lisonjeiro à entrada do quarto de hora final. A verdade, porém, é que o Porto esteve bem perto de largar 2 pontos. Quando o Fenerbahce decidiu utilizar o pé esquerdo de Roberto Carlos para colocar a bola na área, aconteceram uma série de cruzamentos que poderiam muito facilmente ter dado em golo. Seria injusto, talvez, mas o Porto colocou-se a jeito. Nota para a desconcentração no pontapé de canto que acabou com Guiza de mãos na cabeça. A bola nunca pode ser jogada de forma curta tão livremente, sobretudo para quem defende zona nos cantos.

Apostas em marcha – Depois de ter surpreendido na Luz, Jesualdo reiterou as apostas em Rolando e Fernando. O primeiro era mais do que previsível, o segundo nem por isso, mas a aposta falhada em Guarin (o perfil não era o pretendido) abriu a oportunidade para Fernando que, não sendo brilhante, é quem cumpre mais à risca a missão pretendida. Entre novas apostas parece haver mais 2 nomes que Jesualdo pretende utilizar com frequência. Tomás Costa, que só terá lugar no meio campo caso Meireles regresse à posição 6, e Hulk, que permanece uma incógnita, pelo potencial e pela necessidade de evoluir.
Os golos

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