Para Wembley Portugal apontou baterias, dando àquela partida uma importância crucial para a realização dos seus objectivos. O que sobrou do jogo foi, mais do que a derrota, uma sensação de impotência perante um adversário que se superiorizou sempre, num registo que é, afinal apenas, a confirmação de uma tendência que se vem observando de há um tempo a esta parte e que não está, de forma nenhuma, ligada apenas a este jogo em particular. Este é um cenário que se estende a outros escalões de formação e a sua constatação aponta para a necessidade de uma reflexão que conclua as medidas adequadas para rectificar a situação. Não tendo a intenção (nem o conhecimento de causa, evidentemente) de me antecipar a essa reflexão que deve ser o mais abrangente possível, há pelo menos um ponto em que não quero deixar de expressar a minha opinião: o sistema.
O 4-3-3 tem sido o sistema da formação desde há alguns anos e ele é, em grande parte, a justificação pelo perfil de jogadores que se formam em Portugal. Hoje, no entanto, creio que este sistema não é aquele que mais beneficia a formação ou mesmo os interesses desportivos das próprias selecções jovens. Em termos de formação, a grande “pérola” portuguesa têm sido os extremos, com nomes como Figo, Simão, Ronaldo, Nani ou Quaresma a emergirem. Se é verdade que estes são jogadores excepcionais, está por provar que não o teriam igualmente sido, caso tivessem “crescido” noutro sistema. Por outro lado, começam a abundar exemplos de jogadores de inegável talento e merecedores de grande destaque nos escalões jovens mas que, ao enfrentar a dura realidade do futebol sénior, revelam uma grande incapacidade de adaptar o seu perfil de extremos de linha a uma realidade que exige maior capacidade para aparecer em espaços interiores. Mas há outras posições que o 4-3-3 não me parece favorecer em termos de formação. São os casos do ponta de lança que, à semelhança dos extremos tem um perfil demasiado fixo e pouco móvel, e do médio ofensivo que joga no espaço entre linhas, uma figura inexistente no esquema que contempla 1 pivot defensivo e 2 médios centrais.
O problema está, em meu entender, naquilo que muitos consideram ser a grande vantagem do 4-3-3, o facto de dispor os jogadores de forma racional pelas dimensões do campo. Este facto acaba por retirar a necessidade dos jogadores em formação em desenvolver a mobilidade e a ocupação de espaços diversos, sendo essa uma capacidade cada vez mais valorizada no futebol moderno. Neste aspecto, creio, o 4-4-2 losango será um sistema bem mais exigente e possivelmente benéfico em termos de formação.