23.9.08

Paços - Benfica: A loucura da primeira vitória

ver comentários...
Loucura! – 7 golos e grande intensidade emocional proporcionaram um espectáculo particularmente invulgar em Portugal. Embora haja quem goste de vender esse peixe, é importante perceber que ritmo elevado e fartura de golos não têm uma relação de equivalência com a qualidade. Aliás, se fizermos um cruzamento estatístico e analítico de alguns campeonatos poderemos facilmente desmistificar essa ideia. Ainda assim é inegável que estes são jogos bem mais ricos para quem procura no futebol a emoção.

Melhor, mas pouco conclusivo – Já não é novo, mas da Mata Real é difícil retirar grandes conclusões do estado qualitativo das equipas. Isto porque as dimensões do relvado e a postura do Paços forçam um jogo atípico, de muito contacto, muitas segundas bolas e com grande importância para os lances de bola parada, já que qualquer falta parece ser motivo para colocar a bola na área. Foi assim, mais uma vez. Ainda assim, diria que o Benfica foi quase sempre melhor que o Paços, justificando a vitória apesar do sofrimento. É verdade que não justificou a vantagem já que os 3 primeiros golos aconteceram mais pela eficácia do aproveitamento das oportunidades do que por qualquer efeitos de um balanceamento no jogo. Foi ao Benfica, no entanto, que pertenceram os períodos de domínio assente na qualidade de jogo e não em aspectos mais emocionais. Importante é também referir a diferença no comportamento defensivo. Ambas as equipas sofreram demasiados golos, mas os erros do Paços foram bem mais graves com um grande défice no controlo dos espaços defensivos. Nos primeiros 2 golos esse aspecto foi determinante e o Benfica tirou partido.

A defesa – 6 golos encaixados em 2 jogos não é um número normal. Ainda assim não me parece que esta estatística traduza o real valor do Benfica em termos defensivos.O jogo de Nápoles será outro assunto mas em Paços as dificuldades estiveram sobretudo na quantidade de livres e cantos concedidos e não tanto numa grande permissividade defensiva em bola corrida. Quanto ao sofrimento final, parece-me uma consequência lógica da atitude do Paços, que partiu deliberadamente o jogo e actuou sempre com grande vontade e determinação. Ainda assim, claro, deveria ter havido um melhor controlo das iniciativas contrárias, tendo porém notado a intenção encarnada de manter a sua linha de pressão junto da construção adversária.

Individualidades – Martins terá feito o seu melhor jogo de águia ao peito. A possibilidade de fazer um jogo mais vertical encaixa muito melhor nas características de Martins do que um quando se exije uma posse de bola mais trabalhada. Outro destaque foi Amorim. Influente nos golos, deu sobretudo mais racionalidade e inteligência ao meio campo, características que, para o caso, me parecem mais importantes do que a velocidade e explosão de Di Maria, Balboa ou Urreta. Menos contínuo mas com vários detalhes esteve Reyes, ainda que defensivamente se possa questionar a sua utilidade.
Golos

AddThis