4.3.08

Dérbis...

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Sporting – Benfica – Notas ao Minuto

0’ Relativamente aos onzes e para além das alterações forçadas não houve surpresas. Se do lado do Sporting o sistema é uma redundância, no que respeita ao Benfica a opção pela utilização de um só ponta de lança foi totalmente ajustada, permitindo equilibrar numericamente o “miolo”.
4’ Primeira ocasião do jogo para o Sporting com um desequilíbrio sobre a esquerda do ataque. Este lance desencadeia uma série de acções que marcaram o inicio de jogo do Sporting. O aparecimento de vários jogadores sobre o flanco esquerdo confunde permanentemente o acerto das marcações sobre aquele flanco, com o Benfica a demorar muito tempo a adaptar-se à situação. Nota neste aspecto para a falta de entrosamento entre Nelson e o eixo central da defesa bem como para a falta de reacção dos médios que compunham o “duplo pivot” no meio campo encarnado. Outro aspecto importante para o desequilíbrio conseguido pelo Sporting naquele flanco foi a diferença na agressividade na disputa dos lances. Aqui nota negativa para Di Maria. Outro aspecto que marcou o inicio de jogo do Sporting foi a pressão feita sobre a saída de bola do Benfica, forçando um jogo directo, sempre em busca de Cardozo, sem grande consequência.
11’ O Sporting chega à vantagem num lance em que Moutinho desequilibra sobre o “miolo” e aproveita a tal indefinição nas marcações entre Nelson e o eixo central da defensiva encarnada.
35’ Primeira ocasião clara de golo para o Benfica. Rodriguez finaliza ao lado num lance determinado por uma sequência de ressaltos e que é também a imagem da diferença entre a agressividade de Di Maria e o “Cebola”. O Benfica foi progressivamente a controlando o flanco esquerdo do Sporting, com Camacho a trocar Di Maria e Rodriguez de flanco. A falta de Romagnoli começou a ser mais notada com a posse de bola do Sporting a tornar-se previsível sem a espontaneidade dos movimentos laterais do médio argentino. Em vez de circular de forma alternada a bola, o Sporting passou a repetir a opção pelo lado esquerdo, agora com o Benfica mais preparado para essa opção. Por outro lado, o Benfica começa a conseguir fazer posse de bola no meio campo do Sporting. Um movimento importante para esta melhoria é a repetitiva movimentação de Rui Costa sobre o flanco esquerdo, saindo da zona central onde Miguel Veloso lhe prestava especial atenção.
39’ A melhoria do jogo encarnado é materializada com o golo de Cardozo. Mais um lance de bola parada, com o pormenor de Binya ter involuntariamente barrado a acção de Tonel, permitindo a liberdade de que desfrutou Cardozo. O golo do Benfica surge apenas alguns minutos após a equipa ter ganho um verdadeiro ascendente na partida, mas vai condicionar o Sporting para o que resta do primeiro tempo.
45’ Intervalo com 1-1. Maior ascendente do Sporting, maior eficácia do Benfica, aproveitando bem o seu momento de reacção. O Benfica permanece ameaçador de bola parada.
48’ Nova entrada mais forte do Sporting, com Tiuí a aparecer na cara de Quim. Os minutos seguintes vão ser marcados por algum ascendente do Sporting mas nunca com o factor surpresa do primeiro tempo. Alguns incidentes começam a tornar o jogo quezilento.
64’ Binya aparece solto na área após um livre. O Benfica apresenta mais posse de bola, criando mais linhas de passe do que é habitual. Os movimentos interiores dos extremos, o apoio dos laterais e o tal aparecimento de Rui Costa sobre a esquerda são os aspectos mais marcantes no jogo encarnado. O Sporting parece acusar mais o resultado e, talvez, as ausências de jogadores fundamentais como Romagnoli e Liedson. O seu meio campo não é dominador mas a sua posse de bola é mais incisiva do que a do Benfica que apenas cria perigo de bola parada.
71’ Tiuí volta a por a nu as dificuldades no extremo reduto encarnado (a falta de Luisão e David Luiz não pode ser descontextualizada) e com alguma facilidade aparece na cara de Quim, mais uma vez aproveitando a zona entre o central e o lateral. O Sporting permanece mais perigoso em bola corrida apesar de não ser dominador.
76’ Expulsão de Nélson. A partir daqui o jogo vai ter um só sentido. Paulo Bento introduz de imediato Purovic antecipando o recuo do Benfica perante o resultado positivo e a inferioridade numérica.
90’ 1-1 Final. Os últimos minutos deram mais uma ocasião para cada lado mas, nem o Sporting foi capaz de ser mais incisivo perante um Benfica muito recuado, nem o Benfica soube aproveitar o espaço concedido para ser ameaçador em transição (aliás transições perigosas foi o que menos se viu neste jogo).

Boavista – Porto
- As poupanças de Jesualdo fazem, na minha perspectiva, todo o sentido tendo em conta a gestão da época desportiva. Vamos a ver se não é tarde de mais após ter utilizado as unidades mais influentes em vésperas da visita à Alemanha (apesar de não se poder estabelecer objectivamente uma relação causa-efeito entre essa opção e a derrota sofrida).
- Interessante a utilização do “duplo-pivot” no meio campo. Jesualdo já havia testado essa opção algumas vezes durante a época mas nunca de inicio. Aqui nota para o desajuste de Quaresma à função: quem joga ali não pode arriscar tanto em posse de bola. Quaresma foi desequilibrador mas as suas opções são também uma evidência de que Quaresma precisa de crescer para ser um jogador igualmente influente num contexto diferente da missão especifica que Jesualdo lhe reserva no modelo de jogo portista.
- Até ficar em inferioridade numérica o Boavista discutiu o jogo. É certo que jogou perante um Porto com muitas ausências, mas nota-se mais confiança e qualidade no jogo ofensivo axadrezado (fundamentalmente trazida por algumas individualidades). Isto, apesar de permanecer defensivamente demasiado baixa não havendo grande qualidade nessa fase de jogo.
Braga – Guimarães
- O Dérbi que prova que há alguma vida para além dos grandes. 25 mil e uma rivalidade genuína e independente do campeonato.
- Tacticamente esquemas idênticos. 4-3-3 com duplo pivot e um homem no espaço entre linhas. A diferença está na dinâmica, muito mais evidente no Guimarães, pela trocas posicionais entre os extremos o vértice mais adiantado do triângulo de meio campo.
- O nulo começa a explicar-se pela falta de qualidade das movimentações ofensivas do Braga - não se identificam movimentos de alternância posicional no ataque do Braga que joga tal qual aparece no papel – e pela pouca vontade de arriscar do Guimarães. O Guimarães teve quase sempre a iniciativa de jogo no primeiro tempo, mas foi altamente incapaz de ultrapassar a agressividade defensiva do bloco Bracarense, optando muitas vezes pelo passe para o lado, de menor risco.
- Num jogo marcado pela agressividade e entrega nos despiques individuais, o Braga entrou melhor e mais determinado a marcar no segundo tempo. Não foi capaz de o fazer e a equipa foi traída pelas opções difíceis de entender de Manuel Machado. Num meio campo com Brum e Contreras (um guerreiro em campo), Machado decidiu trocar Peixoto pelo músculo e lentidão de Stélvio. O Guimarães terá agradecido porque foi bem mais fácil deixar os minutos correr até ao proveitoso empate final.

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