12.3.08

Sotaque Inglês na Champions

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Com uma semana de atraso em relação aos restantes jogos, o Inter-Liverpool definiu o oitavo clube a qualificar-se para os quartos de final da Champions, confirmando-se o que já se previa: o apuramento do Liverpool.

De facto, e apesar da qualidade indesmentível do Inter, o Liverpool tem uma capacidade defensiva quase impar na Europa que faz com que o 2-0 da primeira eliminatória parecesse uma barreira demasiado elevada para ser superada em 90 minutos de futebol, perante aquele bloco de 2 linhas vermelhas. O que se viu em San Siro foi precisamente mais uma imagem desse Liverpool de betão que Benitez moldou e que se torna sistematicamente um legítimo candidato à vitória de qualquer prova a eliminar. Ao Liverpool falta apenas uma capacidade ofensiva mais demolidora, sendo uma equipa que depende em demasiada das boas individualidades que possui e daquele movimento de solicitação ao “pivot” para libertar Gerrard no espaço entre linhas. A fórmula vencedora do Liverpool na Champions passará sempre pelo impulso emocional da “Kop” para obter a força necessária para chegar à vantagem nas eliminatórias. Do lado do Inter, a aposta passou pela mobilidade de Stankovic, pelos movimentos interiores de Cruz e Zlatan (um dos melhores do mundo da actualidade, sem dúvida) e por algumas roturas do bravo Zaneti e de Maicon sobre a direita. O golo não apareceu nas poucas oportunidades criadas e a crença foi-se afastando, agravada pela inferioridade numérica. O Inter junta mais uma frustração ao seu passado recente Europeu, mas devo dizer que não acredito em julgar “dimensões Europeias” pela análise simples do resultado de 1 ou 2 jogos. As provas a eliminar não distinguem forçosamente os melhores e é bom que isso não seja esquecido.

Três notas adicionais que resultam deste jogo:
- A curiosidade de, no mesmo ano, 2 equipas inglesas terem vencido Inter e Milan em San Siro. Não sei se é a primeira vez, mas dada a forma como foram conseguidas, parece-me que não deve ser considerado um simples acaso.
- 4 equipas inglesas nos quartos de final da Champions é algo inédito mas completamente sintomático. É uma discussão sobre a qual me tenho pronunciado com grande convicção. O futebol Inglês, pela capacidade de investimento que tem conseguido, tem melhorado enormemente a sua qualidade e, ou o modelo competitivo europeu dá uma grande volta, ou estamos apenas no inicio de um domínio avassalador de uma liga que de inglesa já só tem a origem, porque a sua dimensão é planetária.
- Mancini vai sair do Inter no final da temporada, abrindo-se o lugar para Mourinho. Face ao que escrevi antes, percebe-se facilmente que sair de Inglaterra me parece um passo no sentido errado (apesar do desafio inequívoco que representa o Calcio). Mas isso também se inverte sem problemas. Basta querer!

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