0’ No Vitória o 4-2-3-1 do costume. A surpresa foi Mohma na lateral esquerda. Quanto ao Sporting Purovic e Adrien eram as novidades no losango habitual.
6’ Saída de Purovic por lesão. Dificilmente posso considerar este um handicap na estratégia do Sporting. As características de Purovic já se mostraram demasiadas vezes desajustadas ao modelo de jogo do Sporting.
17’ Primeiro remate com alguma liberdade no jogo. Vukcevic sobre a esquerda a receber um passe de Adrien Silva, após uma segunda bola ganha pelo jovem do Sporting no meio campo do Vitória. O jogo iniciou-se com o Sporting a ter mais bola e com o Vitória a remeter-se a um bloco muito compacto que esperava pelo erro do adversário no seu meio campo. O Sporting domina a posse de bola mas não revela muita facilidade em chegar à área contrária. Aqui nota para alguma dificuldade na criação de um primeiro passe vertical que consiga ter sequência ofensiva.
20’ Primeiro lance de perigo do Vitória com uma transição pela zona central conduzida por Ghilas o desequilíbrio numérico do Sporting. Tonel havia subido para responder a um lançamento lateral.
33’ Grande ocasião do Vitória, com Alan a desperdiçar mais uma vez em transição. Desta vez o lance resulta de um erro de Adrien que, em posse de bola e com a equipa exposta territorialmente arriscou um drible que originou uma situação de 3 para 2 no ataque do Vitória. As dificuldades da posse de bola do Sporting começaram a ser mais evidentes a partir dos 25’, com o aparecimento de mais erros no passe e uma maior capacidade o Vitória em ser forte nas primeiras bolas aéreas. A estratégia do Vitória começa a revelar-se com possibilidades de eficácia. O Sporting apresenta mais desgaste e isso pode tornar-se um factor decisivo quer pela clarividência nas opções (falta de paciência perante a falta de espaços começa a revelar-se em solicitações mais directas e em passes ou dribles arriscados).
37’ Um erro em posse de bola de Romagnoli proporciona mais uma transição do Vitória que termina num livre indirecto. Miljan está perto de marcar após um ressalto. O crescimento do Vitória no jogo é evidente, tirando partido dos erros do Sporting. O ambiente do Afonso Henriques tem também importância emocional nesta altura do jogo.
45’ Golo do Vitória na sequência de um livre que não consegue ser devidamente resolvido pela defensiva do Sporting. O Sporting sofre mais um golo de bola parada e passa a estar em desvantagem num aspecto de detalhe do jogo, algo que o tem penalizado de forma continuada no campeonato. Um aspecto a salientar no lance é a dificuldade da defensiva do Sporting em definir as marcações. É que ao contrário dos cantos este tipo de livres têm a importância do fora de jogo e esta preocupação impediu que houvesse um encaixe das marcações individuais, acabando por se assistir mais a uma vigilia por zona do que com referência no homem.
54’ Uma transição do Vitória acaba por potenciar as condições ideais para uma jogada característica do seu ataque. Ghilas descaí sobre a esquerda para combinar com Desmarets antes do cruzamento que por muito pouco não é emendado por Alan.
A segunda parte, sem alterações, confirmou o que já se esperava. Se a estratégia de jogar no erro já havia servido bem o Vitória no primeiro tempo, com a vantagem serve muito melhor. O Sporting domina territorialmente mas mantém as dificuldades em ser incisivo no último terço de campo (aqui nota-se a falta do efeito habitualmente perturbador de Liedson). Ainda assim, o Sporting chega com frequência à área do Vitória, embora sem criar ocasiões.
55’ Sai Adrien (exibição a rever, com muitos erros em posse de bola), entra Pererinha. Paulo Bento recua Moutinho para o vértice mais recuado do losango e tenta apostar na velocidade de Pereirinha sobre a direita. São poucas as opções para Paulo Bento mexer no jogo ofensivo do Sporting que teima em não ser suficientemente incisivo na derradeira zona do campo.
67’ Perante um decorrer do jogo à medida do Vitória, com o Sporting a deixar, inclusive, de ter um domínio tão evidente nos últimos minutos, Paulo Bento aumenta o risco. Entra Veloso, Moutinho regressa à lateral do losango e Pereirinha vai tentar dar outra profundidade ao flanco, no lugar do substituído Abel. Paralelamente, Ghilas começa a evidenciar a tendência de aproveitar a exposição do flanco direito do Sporting, caindo preferencialmente para aquele lado.
75’ Cajuda troca Miljan por Moreno. O Vitória tem uma vantagem magra apesar do jogo estar completamente controlado e Cajuda tira um homem das acções ofensivas para acrescentar uma unidade à zona do miolo. É uma substituição que dá força ao bloco do Vitória, prevendo-se que a equipa não precise de tanta presença ofensiva com a crescente exposição espacial assumida pelo Sporting.
83’ Cajuda troca Ghilas por Roberto, numa alteração que nada muda (Ghilas passara a ser a referência ofensiva após a saída de Miljan) para além, como é evidente, das próprias características dos jogadores em causa.
85’ A previsível exposição espacial concedida pelo Sporting é muito sobriamente aproveitada pelo Vitória que transforma 2 perdas de bola do adversário à saída do seu meio campo em oportunidades soberanas para a dobrar a vantagem. Primeiro Andrezinho falha na cara de Patrício, depois um Penalti desperdiçado por Alan que, não matando o jogo, o condiciona definitivamente para o Sporting após a expulsão de Grimi. O Sporting encontra-se numa fase de total desnorte e impotência.
90’ O Vitória mata finalmente o jogo com mais uma transição a ser aproveitada por Fajardo (entrado 1 minuto antes). No lance a potência e frescura de Roberto foram determinantes perante um Polga já “sem gás”.
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Um triunfo totalmente justo e inquestionável do Vitória que teve uma estratégia para o jogo que visava jogar no erro do Sporting. É notória a importância da preparação que cada uma das equipas teve para o desafio e aqui o mérito é de Cajuda por ter tirado partido disso para surpreender o Sporting. O Vitória, porque o jogo também lhe correu de feição, soube sempre estar concentrado no jogo, mostrando-se organizado, solidário e agressivo sem bola, esperando de forma inteligente e paciente que o Sporting lhe concedesse condições para ser perigoso. A estratégia teve resultados crescentes com o decorrer do jogo.
Da parte do Sporting a confirmação de um campeonato horrível fora de casa. A equipa teve vários problemas que justificam esta situação e parece-me que a sobrecarga de jogos é aquele que mais a penaliza neste momento, quer em termos físicos, quer em termos de preparação das partidas. Nota para a acumulação de erros na primeira fase de construção, o que acabou por ir ao encontro das pretensões estratégicas do Vitória e, também, mais uma vez, para o detalhe das bolas paradas. As equipas que querem discutir objectivos em várias frentes passam obrigatoriamente por dificuldades em impor de forma sistemática o seu jogo. O Sporting não é nem será excepção, sendo compreensível e natural que sinta dificuldades perante adversários com mais tempo para preparar os jogos. É aqui que os detalhes se tornam fundamentais para o sucesso. O Sporting tem repetidamente falhado em detalhes de jogos relativamente equilibrados. Bolas paradas e alguma imaturidade têm sido mais do que simples pormenores no campeonato do Sporting e Guimarães voltou a ser um exemplo disso mesmo.