28.3.08

Currículo ou Potencial?

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É um ponto comum entre os debates dos adeptos nesta fase da época. De forma quase invariável esgrimem-se opiniões sobre quem gostariam de ver a comandar os destinos técnicos dos respectivos clubes no ano seguinte. Frequentemente ouvimos nomes sonantes que, em certos casos, acabam mesmo por passar para as páginas dos jornais, abrindo o apetite daqueles que acreditam que a chegada de um nome mais experiente pode trazer, realmente, uma mais valia para as respectivas equipas.
Actualmente, esse debate faz-se sobretudo no Benfica, onde existe um vazio a preencher para a próxima época, mas também no Sporting onde Paulo Bento já não colhe a mesma popularidade de há uns meses a esta parte. Para os dirigentes sobra a missão de fazer a opção certa e o ponto em quero tocar com este texto prende-se com a maior importância de detectar qualidade em relação a uma análise simplesmente feita pelo currículo dos candidatos.

O exemplo de Pinto da Costa
Olhando para aquele que é o gestor desportivo de maior sucesso em Portugal, Pinto da Costa, vemos que as suas apostas quase sempre recorreram a perfis semelhantes, exceptuando talvez algumas decisões mais reactivas, nomeadamente tomadas a meio da época. Entre os nomes que mereceram a preferência do Presidente portista encontra-se uma característica muitas vezes presente: o estudo e conhecimento. Pedroto foi conhecido pelas suas notas elevadas no curso de treinadores, Artur Jorge dedicou algum tempo a estudar o futebol na Alemanha após o final da sua carreira e nomes como Carlos Alberto Silva, Mourinho e Jesualdo Ferreira têm cursos superiores em Educação Física. Embora sem esse diploma, Quinito, Fernando Santos, Del Neri e Co Adriaanse tinham igualmente um perfil marcado por uma vertente mais técnica, aplicando em clubes mais pequenos e com sucesso filosofias de jogo próprias, não necessariamente agarradas ao que era convencional.

É um exemplo que vai de encontro à ideia com a qual mais me identifico, mais do que o nome, mais do que o currículo, é importante ter capacidade – nem sempre fácil – para identificar qualidade na figura a escolher. No Benfica essa é uma opção a tomar no mercado, enquanto que em Alvalade a reflexão deverá começar com uma introspecção – sobre este ponto devo esclarecer que a minha opinião sobre Paulo Bento não mudou, reconhecendo-lhe muito potencial como treinador.

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