11.3.08

Ser Presidente

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A demissão de Camacho é vista de forma quase unânime como o canto do cisne da estratégia desportiva encarnada para esta temporada. A esta conclusão quase factual junta-se uma outra igualmente evidente, a de que a responsabilidade pelo desfecho passa sobretudo pelas tomadas decisão de Luis Filipe Vieira no planeamento e gestão da época encarnada.

A partir daqui as leituras dividem-se e há quem considere que ao pedido de demissão do treinador deveria seguir-se também o do Presidente. O futebol tem evoluído muito nos últimos nos anos e as exigências ao nível da gestão dos clubes passam hoje por um conjunto bem mais diversificado de áreas. O papel de um Presidente – e isto passa-se na grande maioria dos grandes clubes mundiais – não é gerir operacionalmente os assuntos do futebol, mas sim garantir as condições para que essa gestão possa conduzir a melhores resultados. No fundo, uma postura vigilante mas não interventiva.

A verdade é que nessa vertente o trabalho da actual direcção tem sido bastante positivo. O Benfica não recuperou os tempos gloriosos a nível interno por que ambiciona mas tem hoje condições para chegar a esse sucesso. Algo que não acontecia há uns anos a esta parte. Na Luz é hoje possível investir tanto ou mais no futebol do que qualquer outro clube em Portugal mas a Vieira tem faltado uma qualidade essencial dos líderes modernos: Saber delegar competências. Este é o verdadeiro desafio desportivo do Presidente do Benfica e onde mais tem falhado. Uma estrutura sólida que dirija o futebol, com especificidade quer ao nível da competência quer da vocação foi algo que Vieira nunca (repito, nunca!) conseguiu ter no Benfica.

Para Vieira deveria sobrar trabalho em áreas menos específicas até porque se o Benfica, como referi, recuperou condições para atingir o sucesso interno, já no que respeita ao contexto Europeu – tantas vezes evocado nos discursos de promessas aos benfiquistas – a história é bem diferente. A globalização do futebol é uma realidade para o adepto mas contrasta com a importância cada vez maior das fronteiras competitivas para os clubes. Por estar do lado de cá da fronteira, os clubes Portugueses continuam a ver reduzidas as condições para rivalizar com clubes bem mais pequenos, mas com melhor enquadramento geográfico. Este é um problema continuamente ignorado em detrimento de disputas internas (e bem menores em importância), mas que deveria preocupar, também, o Presidente do Benfica.

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