11.4.08

Uefa: Análise Cronológica do Sporting - Rangers

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0’ Sem surpresas nos “onzes”, esperando-se um Rangers altamente conservador e um Sporting a tentar exercer o domínio do jogo, sem, no entanto, correr muitos riscos. Esta foi a mensagem passada por Paulo Bento e que faz algum sentido, tendo em conta o peso que pode ter um golo do Rangers.
4’
Primeiro lance de perigo no jogo, com Darcheville a ter boas condições para finalizar, mas que termina com o corte de Gladstone.

Um lance construído com uma jogada que espelha a entrada do Rangers no jogo. Muita posse de bola escocesa, com passes pouco arriscados mas que impedem a eficácia de um pressing do Sporting que se nota pretender ser agressivo desde inicio. Após algum tempo a fazer esta posse especulativa o Rangers precipita o adiantamento do bloco do Sporting, abrindo espaços entre os sectores. É assim que a bola chega até Darcheville, destacando-se também a intercepção falhada de Tonel que coloca a bola no Francês.

17’ Bola no poste após cabeceamento de Liedson, num livre de Romagnoli.

Os primeiros minutos foram positivos para o Rangers que não esconde a sua intenção no jogo. Defensivamente não baixa imediatamente o bloco mas recua-o em função da posição da bola, tentando sempre manter 2 linhas atrás da posição da bola e os sectores unidos. Ofensivamente, pode-se falar apenas numa postura especulativa, com a bola a rodar entre os seus jogadores, mas sempre tendo como prioridade máxima a conservação da posse e não a progressão, que acontece apenas quando0 há total segurança para o fazer. O Sporting, perante esta atitude e a elevada densidade numérica de jogadores no meio campo tem dificuldades em tornar o seu pressing eficaz. Ainda assim a equipa leonina vem em crescendo no jogo, chegando com frequência às imediações da área escocesa, mas sem revelar grande discernimento nas decisões do seu 2º momento ofensivo.

42’ Remate muito perigoso de João Moutinho com a bola a passar muito perto do poste. A jogada é construída em ataque organizado mas resulta, não do sucesso das habituais combinações sobre as alas, mas da insistência após um corte escocês. A bola é recuperada por Veloso que serve Moutinho do lado contrário àquele em que o ataque tinha sido protagonizado, havendo espaço para uma finalização à entrada da área.

Este foi um lance de perigo raro numa primeira parte a fazer lembrar o embate de Glasgow mas com duas diferenças. O Rangers arrisca menos por motivos estratégicos. O Sporting tem menos qualidade na sua posse de bola – sobretudo, repito, no 2º momento ofensivo – por manifesta desinspiração dos seus jogadores que não conseguem protagonizar os habituais envolvimentos.

45’ Intervalo.

O 0-0 é o espelho da estratégia do Rangers e da incapacidade do Sporting em lhe fazer frente, sendo claramente a equipa mais ofensiva mas não conseguindo mais do que 2 ou 3 lances ameaçadores. Para o segundo tempo, levanta-se a questão estratégica. Ou o Sporting arrisca mais, colocando mais entrega aos seus momentos ofensivos, tentando criar mais dificuldades ao Rangers mas indo, no fundo, ao encontro da estratégia dos escoceses, ou, por outro lado, aceita o jogo especulativo do Rangers (que não tem vantagem na eliminatória), mantendo-se por cima no jogo, não arriscando muito mas também não criando muitas possibilidades de se adiantar na eliminatória...

54’ Vukcevic muito perto do golo, num cabeceamento que sai ao lado, após livre de Veloso.

Dentro das 2 hipóteses que havia traçado,o Sporting opta pela segunda, aparecendo, não particularmente mais inspirado, mas mais adiantado no momento da perda de bola, mantendo as suas linhas subidas (com o risco que isso acarreta) mas pressionando mais o Rangers e fazendo com que o jogo se situe bem mais perto da área contrária.

60’ Golo do Rangers. Numa jogada em que o tal pressing do Sporting força a um alívio com aparentes poucas possibilidades de ter seguimento ofensivo, o Sporting é penalizado por erro de comunicação entre Veloso e Gladstone que deixa Tonel numa situação de 2 para 1 muito bem aproveitada pelos escoceses, com Darcheville a finalizar.

Não se pode falar sequer em transição bem conseguida pelo Rangers – algo que não aconteceu em nenhum momento do jogo – e o Sporting fica em desvantagem no momento em que tinha conseguido instalar o seu jogo mais perto da área do Rangers. Um erro que em alta competição se paga caro e que, nesta eliminatória, lança um teste à capacidade de reacção do Sporting para os últimos 30 minutos.

61’ Reacção ao golo do Rangers. Entrada de Djaló no lugar de Izmailov. Não há alterações estruturais apenas a intenção de dar mais agressividade à frente com a colocação de Vukcevic na esquerda do losango.
69’ Nova substituição. Sai Gladstone, entra Pereirinha. Na prática não há ainda alterações estruturais, com Veloso a recuar para o centro da defesa e Moutinho na posição mais recuada do losango. A intenção será dar mais velocidade e largura ao flanco direito do Sporting.

Os minutos seguintes ao golo mostraram os efeitos psicológicos do mesmo, com o Sporting a não conseguir instalar-se da mesma forma no meio campo do Rangers que, por outro lado, se consegue estender com uma frequência que não se havia visto no segundo tempo.

71’ Sai Darcheville entra Cousin no Rangers.
75’ Grande ocasião para Djaló a finalizar dentro da área a melhor jogada do Sporting na partida. O ataque sobre a direita consegue, como não se havia visto no jogo antes, tirar partido das habituais combinações junto da área adversária. Abel, Vukcevic e Romagnoli constroem o lance que é finalizado por cima por Djaló.

Tornam-se cada vez mais claras as dificuldades do Sporting em ultrapassar a densidade numérica da defensiva contrária. O efeito anímico do resultado, a concentração e densidade defensiva dos escoceses e a desinspiração que acompanhou os jogadores do Sporting desde o inicio explicam esta tendência.

76’ Sai Grimi, entra Tiuí. Com 2 golos para marcar, Paulo Bento recorre ao risco máximo, jogando com 3 defesas, numa espécie de 3-3-4.
80’ Mais uma ocasião de golo para o Sporting que resulta de um lance de bola parada. Desta vez é Tonel a rematar ao lado após livre na direita.
88’ O Rangers transforma um lançamento lateral na sua zona defensiva numa clara ocasião para chegar ao 0-2, fruto do adiantamento territorial do Sporting.

É uma tendência natural do próprio jogo que resulta do risco do Sporting e do desequilíbrio anímico de uma eliminatória praticamente resolvida.

92’ Golo do Rangers. Perda de bola de Abel em posse de bola, com Whittaker a levar a bola até ao fim, aproveitando bem o desequilíbrio defensivo da defesa do Sporting.
94' Fim do jogo.

O Sporting cai de uma forma tão frustrante como ingrata, fruto de um jogo onde pagou muito caro um erro que não se pode cometer em alta competição e que esteve na origem do primeiro e decisivo golo. Com rigor, foi uma exibição que revelou alguma dificuldade do pressing do Sporting – que já vem sendo revelada ao longo da época, criando muitos espaços no bloco – e uma desinspiração individual que penalizou muito o segundo momento ofensivo da equipa. No entanto, não se pode falar de inferioridade perante o Rangers, nem neste jogo, nem nos 180 minutos da eliminatória. Os escoceses delinearam uma estratégia de risco nulo, que, não havendo uma transição ofensiva realmente capaz de fazer o Sporting perder o controlo do jogo, só podia ter resultado de um erro individual. Foi precisamente isso que aconteceu.
No futebol esta é uma tendência que se repete e, tal como aconteceu no caso do FC Porto, é certo que várias serão as conclusões que sairão a partir do resultado. Tal como no caso dos Dragões (note-se que foram eliminatórias bem diferentes), o Sporting perde porque falhou individualmente, mais do que por qualquer outro problema, já que não foi inferior ao seu adversário. Este facto não desfaz, no entanto, os problemas que o Sporting revelou durante o jogo.
Não posso deixar de comentar o que se disse no fim do jogo, um pouco por todo o lado. A tese de que o Sporting deveria ter arriscado mais cedo parece-me aceitável, mesmo que discutível. Menos sentido faz para mim o argumento de que haveria assim mais tempo para reagir ao golo que resultaria dessa opção... Ora, se era para o sofrer, mais valia não arriscar... digo eu!

Outros jogos:
PSV 0-2 Fiorentina
Getafe 3-3 Bayern Munique
Zenit 0-1 Leverkusen

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