16.4.08

Notas do Setúbal - Porto

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- Estrategicamente o Vitória iniciou o jogo com uma nuance específica, que confirma a importância que Carvalhal atribuiu a este jogo. O Setúbal apresentou-se com quatro homens no meio campo, tendo Elias e Bruno Gama nas alas. Outra função importante era desempenhada por Leandro, que se aproximava do meio campo, mas sempre sobre a esquerda, denotando uma preocupação estratégica de Carvalhal com a função de Bosingwa no jogo do Porto. De resto o objectivo era apelar à eficácia do pressing zonal baixo para soltar depois Pitbul como referência do primeiro passe na transição.

- Do lado do Porto não houve grandes nuances de inicio em relação ao habitual, confirmando-se a mobilidade dos 3 homens da frente e, nos primeiros minutos, uma liberdade dada ao flanco direito, precisamente para criar o espaço onde poderia surgir Bosingwa. Face ao “bloqueio” do Setúbal a Bosingwa, o Porto passou a colocar mais declaradamente um extremo na ala direita, coincidindo com o crescimento da equipa no primeiro tempo. Outro aspecto fundamental para o Porto era a qualidade do primeiro passe, para não permitir as temíveis transições do Setúbal. Nesse aspecto, os portistas estiveram muito bem, começando por lateralizar o jogo e não tentando cair no erro de tentar forçar passes interiores a todo custo, ou solicitações mais directas. A excepção foi Bruno Alves e foi a partir de um passe do central que surgiu a transição que deu maior ânimo ao Vitória nos primeiros 15 minutos.

- Depois de 15 minutos positivos em que não só conseguiu controlar o adversário mas também estender-se no terreno, o Vitória passou a sentir o maior sufoco da posse de bola portista. Disse-o, era muito importante que fosse capaz de soltar com frequência as transições mas o Vitória não o foi, muito por mérito do Porto. Os Dragões não permitiram intercepções nos seus momentos de construção e o Vitória apenas conseguia intervir com alívios na sua própria área, o que tornava naturalmente complicado sair com qualidade em transição, mantendo o Porto a posse de bola com uma sucessiva conquista de segundas bolas. Outro aspecto importante foram as primeiras bolas, após pontapés longos de Eduardo. Quase sempre o Porto as ganhou e o Vitória não conseguiu também sair a jogar a partir dessas situações.

- Ainda assim, o primeiro lance de verdadeiro perigo surgiu apenas pouco tempo antes do golo, aos 35 minutos, numa iniciativa individual de Bosingwa (curiosamente!). De bola parada o Porto chegaria pouco depois ao golo, num lance que dava inicio a uma sucessão de erros individuais que passariam a marcar o jogo Sadino. Primeiro o desvio ao primeiro poste, objectivo de muitos atacantes, foi dado por um defensor Vitoriano. Depois, a incapacidade de Eduardo, seguida da infelicidade de Jorginho. Os 3 últimos jogadores a tocar na bola foram... do Vitória.
- O golo teve um efeito enorme na partida. O Vitória tentou de imediato adiantar as suas linhas e o Porto poderia ter chegado, por via disso mesmo, a novo golo 2 vezes antes do descanso. A quebra da estratégia colectiva trouxe igualmente ao de cima as fragilidades individuais do Vitória que passaram a cometer erros a quase todos os níveis, tornando praticamente impossível um volte face no jogo.
- Os minutos iniciais do segundo tempo foram um verdadeiro “Kamikaze” Sadino, numa réplica do que havia sucedido nos últimos minutos da primeira parte, talvez um pouco para pior no que respeita ao capítulo individual. Não demorou até ao Porto dobrar e triplicar a vantagem, pondo em prática a sua, agora, enorme superioridade. Nota para o segundo golo, sofrido em ataque organizado, de forma muito fácil para uma equipa tão forte defensivamente.

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