21.4.08

Notas da Jornada

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Porto 2–0 Benfica
- Em termos de estrutura das equipas não houve, nem poderia haver face à limitação de sessões de treino desde o último jogo, grandes novidades. Do lado do Benfica, ainda assim, destaque para a utilização de Binya no lugar de Petit e a manutenção da aposta na dupla Di Maria-Nuno Gomes.

- O jogo começou com uma imagem muito fiel do que viria a ser o primeiro tempo. O Benfica com uma posse de bola pouco progressiva, mas que conseguia impedir as intersecções do pressing portista, fazendo uso de uma grande certeza no passe, do recurso à qualidade de Rui Costa como referência do primeiro passe e, importante, de uma série de apoios recuados que faziam a bola circular lateralmente no campo. Esta característica da posse de bola encarnada tornou o seu jogo pouco ameaçador mas conseguiu impedir que o Porto soltasse as suas perigosas transições. Sem bola, o Benfica não fazia um pressing baixo, adiantando as suas linhas, mas nunca sendo suficientemente agressivo. O Porto, apesar de não sentir grandes problemas com esse “pressing passivo”, raramente foi dinâmico na posse de bola, explicando-se assim a ausência de oportunidades no primeiro tempo.

- É claro que os portistas têm como atenuante o facto de terem chegado à vantagem muito cedo e de forma quase cruel para o Benfica. Sem entrar na área, a inspiração de Lisandro fez o 1-0, num lance que começou num lançamento lateral de Leo facilmente recuperado por Bosingwa. Na jogada – e não desfazendo o mérito de Lisandro (de pé esquerdo!) – nota para a saída precipitada de Luisão que condiciona depois a acção de Nelson, apanhado em situação frontal e com muito espaço à sua volta.
- O Benfica conseguiu, ainda assim, uma situação de golo na primeira parte. É a partir deste lance que parto para uma reflexão sobre algo que poderia ter sido melhor aproveitado pelo Benfica. O flanco esquerdo portista era, claramente, o mais vulnerável. Quaresma tinha ordens para não acompanhar Nelson e Lucho juntava-se muitas vezes a Lisandro num pressing mais alto. Com o Benfica a “saltar” muitas vezes este pressing, abria-se um grande espaço sobre a direita que apenas Nelson soube aproveitar (e sem grande qualidade na definição dos lances, precisamente por algum isolamento), perante um Fucile algo desamparado. Fazia todo sentido colocar Di Maria mais descaído sobre este flanco em vez de insistir na zona do velocíssimo Bosingwa, como aconteceu. Se juntarmos a isto o facto de Maxi ter sido bem menos expedito ofensivamente do que Rodriguez, então fica claro que o Benfica terá perdido uma boa oportunidade de ser mais perigoso no primeiro tempo.
- Nos segundos 45 minutos tudo foi diferente. Apesar do Benfica até ter conseguido o primeiro remate de perigo por Rodriguez, a posse de bola portistas foi bem mais incisiva. Mais passes verticais, mais movimentos sem bola no espaço entre linhas e uma pressão mais agressiva na reacção à perda da bola foram suficientes para “asfixiar” durante alguns períodos um Benfica que se voltou a mostrar em quebra no segundo tempo. Luisão voltou a ameaçar de bola parada, mas foi o Porto quem mereceu o 2-0, num golo em que fica mais uma vez patente (como em outras jogadas) a forma débil como o Benfica defende. Mariano progrediu vários metros sem ser perturbado (apesar da proximidade de 2 jogadores) até servir, de novo, a inspiração de Lisandro, numa finalização muito semelhante à do primeiro golo, mas com o pé direito.
- Nota para as alterações de Chalana. Foram de uma lógica tão básica que pecou pela astúcia. Passo a explicar. Um dos principais defeitos ofensivos do Benfica é a pouca integração dos seus avançados no segundo momento de construção, não havendo movimentos colectivos rotinados. Quando joga Di Maria, o Benfica desfarça esta lacuna colectiva com a característica móvel do argentino. Quando regressou Cardozo (e depois Makukula), o Benfica passou a jogar com o que eu chamaria de dois ponta de lança “à antiga”, ou seja fixos e facilmente anulaveis pelas defensivas de hoje. Para agravar a situação, estava Bruno Alves, um jogador fortíssimo nas primeiras bolas aéreas, que neutralizou completamente a possibilidade do jogo directo para Cardozo ter alguma sequência...
- Em suma, uma vitória fácil (também pela eficácia do primeiro golo) e justa do Porto, mas com uma superioridade apenas clarificada no segundo tempo. Do lado do Benfica, alguns aspectos positivos (essencialmente o primeiro momento ofensivo) e outros negativos, numa imagem fiel daquilo que foram as alterações no jogo encarnado com a entrada de Chalana. Aqui destaque para a forma fácil como a equipa perde o jogo, pelo simples facto de não ser forte nos detalhes do jogo – algo que parece ter abandonado a Luz com a saída de Camacho.

Leiria 4-1 Sporting
- Começo por referir que assisti apenas a parte do jogo, até ao inicio do clássico (10 minutos do segundo tempo). O meu comentário restringe-se por isso a esse período do jogo, acrescentando apenas os golos que vi posteriormente.

- A única coisa que houve de novo no Sporting em relação aos 2 últimos jogos do campeonato foi uma maior dose de falta de intensidade e concentração em relação aquilo que seriam as ameaças do adversário. Em suma, uma maior dose de falta de atitude na entrada do jogo.
- Convém igualmente referir que, se a equipa foi eficaz noutras partidas recentes, desta vez foi penalizada pela eficácia do adversário, face à sua própria desinspiração no aproveitamento das oportunidades. Isto porque, apesar da entrada negativa do Sporting, o Leiria aproveitou as duas oportunidades que os leões lhe concedeu, enquanto que, já depois do 2-0, o Sporting desaproveitou ocasiões semelhantes.

- No jogo do Sporting pode falar-se de alguma falta de dinâmica inicial da posse de bola, mesmo com alguns erros proibitivos cometidos por Miguel Veloso. Mas não foi por aí que o Sporting começou a perder. O que mais uma vez se verificou foi a dificuldade da equipa em controlar o jogo, com particular destaque para a deficiente transição defensiva. Já tinha acontecido noutros jogos e, como havia referido, quem joga assim não ganha sempre jogos como contra o Leixões ou o Braga.
- Mas o jogo começou a decidir-se em mais uma intervenção errada de Polga sobre a esquerda (acção em que falha muitas vezes devido à sua falta de confiança perante a sua própria falta de velocidade), entrando à queima onde não podia perder o lance. O segundo golo resulta de uma desconcentração colectiva, com a equipa a balancear-se com exagero (talvez tentando reagir ao golo sofrido) ofensivamente e a permitir uma transição com muito espaço e com a sua linha defensiva muito exposta perante a liberdade de que usufruiu Harrison para o passe. Nota ainda para a decisão incompreensível de Miguel Veloso no terceiro golo, abandonando uma posição fundamental para a abordagem ao cruzamento.

- Não foi uma exibição com defeitos novos, antes com um destino diferente, quer para os erros cometidos, quer para as oportunidades criadas.Aqui, merece uma nota a União de Leiria que, apesar da classificação, tem, individualmente, uma qualidade ofensiva acima da média do campeonato.

- Os pontos a melhorar no Sporting são os mesmo que venho identificado (e que também com o Benfica ficaram claros). Os leões entram agora numa fase sem margem para errar e também onde se passa a exigir mais, já que acaba em Leiria a sequência de jogos bissemanais, havendo tempo de treino para recuperar e preparar convenientemente as partidas.

Academica 0-0 Guimarães
Nota breve em relação ao jogo que abriu a jornada.
Em Coimbra, o Vitória encontrou um adversário que errou pouco e que lhe permitiu poucas oportunidades para ganhar vantagem no marcador. Juntando este aspecto à segurança defensiva do Vitória, explica-se o nulo. Cajuda ainda tentou arriscar, mas percebe-se que essa não é a fórmula de sucesso da equipa. Na Sexta o que parecia mau, afinal... foi bem bom!

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