16.10.13

Selecção (II) - Playoff e a sensibilidade da equipa

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Playoff- O presente da Selecção resume-se, por agora, ao playoff de apuramento para o Mundial. Um desafio suficientemente relevante só por si, mas que cresce ainda de importância se considerarmos a incerteza em torno da evolução do potencial da equipa... pode dar-se o caso de que seja, em muitos anos, a derradeira oportunidade de partir para um Mundial com hipóteses realistas de fazer figura. Sobre o playoff, já me referi à incerteza (e aos "unknown unknowns") que existe em torno de uma decisão definida em apenas 180 minutos de futebol, pelo que para além do mérito próprio, também estamos já dependentes da boa vontade dos astros. A começar pelo sorteio, onde desde logo boa parte das probabilidades de apuramento ficarão definidas.

A sensibilidade da equipa - Interessa-me também falar da equipa. Todos realçam a falta de soluções da Selecção, o que não só é verdade, como deve ser encarado como uma situação normal e não como um mal circunstancial. Um país com a base de recrutamento de Portugal pode sonhar com individualidades de excelência e, como tem acontecido, até com uma equipa capaz de ombrear com as melhores do planeta. Mas muito dificilmente poderá perspectivar manter um leque de 30-40 jogadores com a qualidade de rivais que recrutam a partir de bases de formação 5 a 10 vezes superiores. Não bastasse esta condicionante, acresce ainda o problema da singularidade do futebol português, sempre cheio de jogadores envolvidos em "casos" ou precocemente retirados de uma equipa que, pela sua natureza, precisava de contar com o máximo de disponibilidade por parte de todos.

O que decorre daqui, naturalmente, é o acentuar dos danos sempre que se tem de mexer numa unidade da estrutura base. E, em cima desta limitação, surge ainda a especificidade do modelo que foi construída no Euro 2012 em torno de uma equipa base. Portugal conseguiu uma trajectória notável, mas praticamente sempre com o mesmo 11, podendo repeti-lo por inteiro apenas nos 2 primeiros jogos do actual apuramento. Não sendo obviamente um raciocínio linear, é minha convicção de que a equipa poderá render muito mais se puder contar com a totalidade das suas unidades base, sendo este mais um factor de incerteza para o playoff. Há questões tácticas que merecem ser discutidas, mas dado o tempo de treino que existe, parece-me que Portugal fará melhor em manter-se fiel à sua identidade e ao seu modelo, revendo-o se possível apenas no período preparativo pré-Mundial. Assim, esperemos que ele venha mesmo a acontecer...

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