Uma exibição a roçar o incrível
Em termos globais terá realizado, em Braga, a sua melhor exibição desde que chegou ao Porto. Antes do jogo, o próprio Jesus antecipou a possibilidade de vir das acções do brasileiro a principal ameaça para o Braga. Não é difícil de perceber porquê. Ao assumir um jogo de posse e domínio territorial, o Braga estava também a incorrer no risco de oferecer a Hulk o elemento fundamental para a explosão do seu futebol: o espaço. Jesualdo também antecipou a situação e deu-lhe o centro como ponto de partida para as suas acções, tornando-o implicitamente na prioridade ofensiva da equipa. Hulk correspondeu às expectativas dos que pensavam poder ver em Braga desequilíbrios a partir dos seus ‘raides’. E foi mais além... É que também ao nível da decisão, Hulk esteve muito bem, num registo contrastante com o que se havia visto no passado.
O seu impacto é, primeiro, fundamental pelos ‘safanões’ que deu no jogo. Em termos psicológicos foi fundamental para quebrar o fortíssimo ímpeto inicial dos arsenalistas. Passado esse período que definiu igualmente a vantagem portista, Hulk passou a aparecer mais como condutor de transições e foi nesse papel que surpreendeu verdadeiramente. Ao invés de insistir nas iniciativas individuais, o brasileiro procurou sempre soluções mais colectivas e correctas. Não foi um jogo de muitas intervenções e, obviamente, não evitou algumas perdas naturais. Entre todas as suas participações, no entanto, conto-lhe apenas 1 má decisão, já no final do jogo quando forçou uma finalização e tinha Lisandro em melhor posição. Para quem o viu nas primeiras exibições em Portugal, é simplesmente notável.
Para Hulk a margem de evolução é enorme, dado o potencial, a idade e o tempo que tem em Portugal. Jesualdo parece ser um bom “professor” para este percurso que tem ainda uma etapa muito relevante por vencer. É que jogar com espaço e em transição é muito mais fácil. Para Hulk fica o desafio de conseguir enquadrar melhor as suas características e decisões perante adversários mais fechados e que oferecem menos espaço. Da sua resposta dependerá a possibilidade de se tornar num jogador verdadeiramente incrível!
Alan vs. Cissokho
Em termos mentais e psicológicos, falhar num “grande” pode ser devastador. A queda pode não ser um simples passo atrás e muitos são os exemplos de jogadores que vêm a sua carreira cair a pique depois de falhar esse tão desejado desafio. Felizmente, há outros casos. Um deles é Alan, que encontrou em Braga o local ideal para dar seguimento à boa reacção já revelada em Guimarães.
Uma das questões que se colocou aquando da sua chegada a Braga era como seria enquadrado num modelo de médios interiores? A resposta foi dada pela natureza das dinâmicas do próprio Braga. É que a largura ofensiva é uma das grandes prioridades da equipa quando tem a bola e, aí, Alan consegue aparecer muitas vezes naquele que é reconhecidamente o seu ‘habitat’ natural.
Frente ao seu antigo clube, Alan foi um dos elementos mais em foco de uma equipa toda ela muito participativa em termos ofensivos. Esteve em destaque particularmente nas acções de 1x1 que lhe foram proporcionadas, encontrando quase sempre soluções para conseguir um cruzamento.
Neste aspecto, há o outro lado da questão: Cissokho. O mais recente reforço portista saiu muito bem visto pela sua fantástica jogada do segundo tempo, mas a verdade é que defensivamente deixou muito a desejar. A frequência com que Alan o bateu deve servir de alerta para o treinador e próprio jogador. O futuro ajudará a perceber se se tratou, ou não, apenas de uma noite inspirada de Alan...