Resolvido – Não começou por prometer ser um jogo descansado para o Sporting, mas foi-o. O Vitória, ao contrário do que fazia com Carvalhal, não optou por um bloco muito baixo e tentou limitar as soluções para a saída de bola logo desde o primeiro passe. O resultado disso foi a ausência de Veloso da primeira fase de construção do jogo, recaindo sobre os centrais o papel fundamental dessa missão (foi curiosa a responsabilidade assumida por Carriço neste particular, quando Polga costuma ser a solução preferencial). Viram-se passes errados, dificuldade de sair a jogar em apoio mas, também, começou cedo a perceber-se um aspecto que iria ser particularmente importante no jogo. A falta de controlo, por parte do Vitória, da zona à frente da sua defesa. Aqui, importa a origem do problema que tem que ver, primeiro, com a vontade do Vitória em se alongar no campo para pressionar, aumentando o espaço entre sectores, e sendo vulnerável às segundas bolas das abordagens mais directas, e segundo de uma agressividade em doses demasiado moderadas. Foi de uma recuperação nesse espaço que surgiu o lance do primeiro golo que, decisivamente condicionou o jogo. A partir daí os níveis de confiança desequilibraram-se e o Sporting passou a mandar no jogo de forma segura e paciente. Mais um erro individual e o 0-2, percebendo-se aí muito claramente quem seria o dono dos 3 pontos.
Importa, finalmente, falar da segunda parte. É verdade que o Sporting teve, até, as melhores chegadas ofensivas no inicio desse período e que controlou quase sempre o Vitória, apesar da sua vontade em mudar as coisas. Mas é verdade também que houve alguma descontracção que poderia ter resultado num sofrimento desnecessário. O Sporting tem razões para confiar na sua boa organização defensiva, mas deveria ter feito um uso mais inteligente da posse de bola e, sobretudo, um melhor aproveitamento do espaço que o Setúbal ofereceu.
Moutinho e a posição 10 – Foi o melhor em campo. Há, na minha opinião, alguma precipitação em muitas análises sobre o papel de Romagnoli no Sporting. Ofensivamente, ou melhor, com bola, o argentino oferece grande mobilidade que permite o Sporting seja uma equipa forte a jogar pelas alas, mesmo actuando com um losango e, mesmo, sem utilizar laterais especialmente ofensivas. Isto, claramente, Moutinho não é capaz de dar. O que Moutinho dá, entre outras coisas, é outra intensidade em cada um dos momentos de jogo. Nomeadamente, torna a equipa muito mais forte em termos da reacção à perda de bola. Com Vukcevic, já o disse, Moutinho passa a fazer todo o sentido como 10, até pela complementaridade de pontos fortes e fracos entre ambos.
Estabilidade do Meio Campo – É uma questão que levantei após o jogo com a Académica e que me parece poder ser fundamental para que a equipa consiga ter maior consistência sobretudo em termos ofensivos. A gestão de expectativas tem levado Paulo Bento a rodar muito a equipa. Este aspecto pode, no entanto, prejudicar o entrosamento, sobretudo numa zona tão influente como é o meio campo (mesmo Moutinho que joga sempre, tem ocupado funções diferentes). Parece-me que, encontrada uma estrutura base (e a que jogou em Setúbal, parece-me poder sê-lo), seria benéfico mexer menos de jogo para jogo.