3 pontos....ou mais – Referi, após o empate na Luz, que o Nacional seria possivelmente um dos maiores candidatos a roubar pontos aos grandes. É uma equipa forte tecnicamente e que sabe, normalmente, muito bem o que quer dos jogos. Desta vez, contra o Porto, só por muito pouco não o fez, num jogo que estava destinado a terminar num empate a 2, não fosse um momento de infelicidade de um jogador de Nacional. Na verdade este foi um jogo de muitas faces e em que qualquer desfecho poderia ter sido possível. Para o Porto sobra uma exibição com grande mérito pela entrega e querer que acabou por ser premiada com a felicidade do tal penalti, a compensar a forma fortuita como o Nacional havia chegado à vantagem, mas sobram também alguns indicadores algo preocupantes no capítulo defensivo. É verdade que o Nacional não foi sempre ameaçador, que até nem aproveitou bem o risco assumido pelos portistas no segundo tempo, mas também se viu, à semelhança do Bonfim e, em alguns momentos, da Amadora, uma indesejável permissividade perante a posse de bola contrária, não só depois do 1-2, mas também nos primeiros 15 minutos. De resto, o futuro e os outros confrontos dos grandes com o Nacional dirão qual o valor desta vitória na corrida para o título.
O aspecto emocional – Quase invariavelmente as análises aos jogos oferecem uma visão do jogo como algo puramente racional. À luz deste tipo de visão é impossível explicar o porquê da irregularidade de várias incidências ou comportamentos colectivos. O jogo, no entanto, vive de momentos muito variados e onde há um aspecto particularmente importante e muito difícil de controlar pelos treinadores: a emotividade. Quando o Porto entrou na segunda parte, assumindo um risco grande no jogo, dir-se-ia que o Nacional tinha tudo para poder tirar partido da situação. O fundamental seria gerir o jogo e a revolta emocional (não apenas táctica) do adversário durante alguns minutos até aparecerem os primeiros erros e oportunidades para criar desequilíbrios. O que aconteceu, porém, foi uma gestão emocional errada que resultou num descuido que permitiu que fosse o Porto a aproveitar uma transição para chegar ao empate. A partir daí o lado emocional do jogo pendeu claramente para os dragões, com o Nacional a ser vitima da menor confiança e discernimento dos seus jogadores. O tempo poderia ter amenizado esta situação, mas foi o 1-2 a fazê-lo. Inverteram-se os papeis, com o Nacional, desta vez, a reagir bem emocionalmente ao golo sofrido, ao contrário do Porto. O resultado foi o 2-2 que migrou o jogo para uma fase de erros mútuos e que poderia ter resultado em qualquer desfecho. Alguém acha que aqueles minutos finais teriam sido tão abertos caso estivesse 0-0 e não 2-2? É por isso que, por exemplo, vemos Mourinho valorizar tanto a gestão emocional dos seus jogadores durante os jogos.
Evolução táctica – O jogo teve incidências que vão muito para além dos aspectos tácticos e, até, pode dizer-se que não foi o ideal para os testar realmente. No entanto, devo dizer (já o tinha dito contra o Marítimo, apesar do empate) que me agrada muito mais a colocação de Hulk sobre a direita, como se viu na primeira parte (na segunda foi diferente), do que a sua utilização mais central vista em jogos como frente ao Setúbal ou Académica. Ganha Hulk, porque fica mais reservado para duelos individuais em zonas em que é mais fácil desequilibrar e ganha o colectivo, porque solta mais espaço para as acções de Lucho e Lisandro. Ao Porto faltará resolver agora as suas dificuldades defensivas.