Mais do mesmo– O Benfica voltou a vencer. Depois da traumática derrota da Trofa, seguiram-se 4 vitórias, esta a terceira caseira. Esta melhoria de resultados, eu diria, não esconde as dificuldades do jogo encarnado, sentidas por todos os que veem os jogos. É o mesmo problema que se sentira antes dos maus resultados e, se há algumas opções individuais que agora estão mais claras para Quique (Katsouranis a mais importante delas), os problemas colectivos, esses, permanecem de forma quase cansativa. Frente ao Belenenses repetiu-se uma exibição com muitas dificuldades para revelar uma superioridade clara na primeira parte, com problemas na construção de jogo ofensivo e também no controle da progressão em posse dos opositores. O golo, tal como contra o Braga, acabou por ter um sabor a alguma felicidade, primeiro porque a produção ofensiva não o justificava propriamente, segundo porque é perfeitamente possível imaginar que, num golpe de semelhante eficácia, ele poderia ter surgido do outro lado do campo. A segunda parte foi mais conseguida, com o Belenenses a forçar um jogo de maior risco e espaços. Aí o Benfica conseguiu maior superioridade, mas não ao ponto de apagar o sentimento de que, com um futebol desta qualidade e consistência, há uma grande probabilidade de novos deslizes.
Belenenses – Será uma das equipas em foco nas próximas semanas, recebendo os 3 grandes nas próximas 4 jornadas. Esta é uma equipa curiosa, que depressa adquiriu o perfil das mais recentes equipas de Pacheco. Não é bem organizada defensivamente, baseia-se em demasia nas referências individuais e sofre bastantes golos. No entanto, personifica em campo o carácter do seu treinador. Uma grande capacidade de luta e reacção mental às situações de inferioridade no marcador e uma grande entrega dos seus jogadores são virtudes herdadas por uma equipa com muito boa qualidade técnica no meio campo. Se Pacheco repetir a hospitalidade do ano passado podemos contar com jogos duros, com muita marcação defensiva (mesmo que nem sempre bem feita) e muito apelo a uma profundidade incisiva no contra ataque.
Baliza – Moretto tem conseguido a proeza de não traduzir os seus lapsos em resultados negativos. Francamente parece-me uma enorme imprudência de Quique. O mundo não começou com a chegada do treinador a Portugal. Moretto não precisa de provar a ninguém que não tem estrutura mental para tamanha responsabilidade e, por outro lado, Quim já teve de subir vários degraus para que se esqueçam agora todas as provas dadas ao longo de uma carreira. Se a baliza requer confiança – e esta é uma critica que fiz após o 2-2 com o Setúbal – é nas horas difíceis que ela se pode dar. Quim acabará muito provavelmente ao número 1, mas Quique parece precisar de novo erro comprometedor para que isso aconteça.
Individualidades – Algumas notas. No Belenenses, para Silas, o artista do jogo, e Pelé, um nome a acompanhar mas com uma invulgar maturidade. No Benfica, destaco David Luiz que confirma, mesmo à esquerda, ter todas as características físicas e técnicas para uma grande carreira. Katsouranis pela utilidade que tem a sua inteligencia. Di Maria, por nova confirmação de que está longe de ser um prodígio do futebol mundial. Finalmente Aimar, a quem os jogos parecem querer fazer crescer, mas deixam também a sensação de que só muito dificilmente poderá ser uma grande mais valia na posição em que vem evoluindo.