Justo – Foi um jogo marcado por algumas incidências improváveis que tiveram muita relevância no seu decurso e desfecho. Mesmo tendo em conta essa ligeira atipicidade, percebe-se que este seria sempre um jogo difícil para o Sporting e que o Nacional causaria sempre problemas. Somando todas as fases, o empate acaba por ser o resultado mais acertado, num jogo de maior domínio do Sporting, maior inspiração do Nacional e uma parte final de enorme risco e onde um outro desfecho esteve muito próximo de acontecer.
Nacional – Começou melhor mas deve a Nené a benção de chegar à vantagem no primeiro remate. De resto, o Nacional esteve mesmo muito próximo de fazer um 2-0 que teria condicionado muito mais as hipóteses do Sporting. Vendo bem, e não tirando mérito à boa entrada dos insulares, seria prémio excessivo para uma equipa que não havia criado mais oportunidades. A equipa foi perdendo depois algum controlo do adversário, cedeu o empate e até podia ter ido mais além. Nos últimos 20 minutos, no entanto, Manuel Machado protagonizou um golpe interessante no jogo. Assumiu a perda do domínio do jogo, não impediu o Sporting de ser perigoso, mas abriu 3 unidades em permanência na frente e tornou o jogo numa autêntica roleta russa. Podia ter ganho, podia ter pedido. Empatou e forçou um final interessante no jogo. Nota final para o facto desta equipa que se molda tacticamente ao adversário, que tem boa qualidade técnica e uma boa transição (apesar de nem sempre defender bem), ter perdido apenas 1 dos 3 confrontos com os grandes. Foi frente ao Porto e muito devido a um deslize numa fase do jogo em que o empate era o destino mais certo.
Sporting – A entrada foi má, sobretudo ao nível da decisão e inspiração no momento em que ganhava a bola. Ainda assim nada fazia prever aquele golo de Nené. Um alívio, Polga terá sido algo permissivo e Patrício menos prudente, mas havia muito para fazer quando o avançado ganhou aquela bola. O crédito deve-se-lhe. Foi um momento importante para o Sporting, o golo. O seu efeito psicológico inibiu ainda mais a equipa, que demorou, mas foi crescendo no jogo. A defesa do penalti lançou definitivamente o Sporting para o seu melhor período, justificando o empate sobre o intervalo. Tudo fazia prever um assalto à vitória na segunda parte e isso percebeu-se com uns primeiros 15 minutos de domínio claro. Depois, as mexidas de Machado tornaram o jogo mais arriscado e o Sporting perdeu o controlo sobre uma partida que, nesse período, tanto podia ter perdido como ganho. Aqui, e tal como referiu Paulo Bento, importa apontar alguma culpa à postura dos jogadores do Sporting que preferiram sempre o risco ao controlo do adversário.
Se a inspiração de Nené foi importante, tal como a defesa de Patrício, importa referir um outro aspecto que me parece decisivo no jogo. A lesão de Vukcevic. O montenegrino vinha sendo o jogador mais inspirado, impondo desequilíbrios na zona de finalização, e tinha ainda o acréscimo motivacional do golo que marcara. A sua saída tirou capacidade no último terço a uma equipa que teve um Liedson anormalmente desinspirado, um Postiga que trabalha mais do que concretiza e um Derlei sem capacidade para acrescentar nada ao jogo. Fica a sensação de que a segunda parte, com Vukcevic, poderia ter sido diferente.