Jogo “quase grande" – Tal como frente ao Nacional, e embora tendo sido um jogo completamente diferente, este foi um jogo de tripla. O Benfica ganhou, mas o empate seria seguramente mais justo e, mesmo, não se espantaria se o vencedor tivesse outro nome. Não foi surpresa o Braga, nem mesmo as dificuldades que o Benfica sentiu. Para os grandes, estes é um adversário que cria problemas muito idênticos aos clássicos, faltando-lhe apenas alguma qualidade individual que faça mais regularmente a diferença. Prova disso mesmo, o Braga esteve por cima mais tempo no jogo e criou mais oportunidades do que o Benfica. Permaneço convencido de que o futebol português podia ter muitos mais jogos com qualidade próxima deste. Enquanto tal não acontece posso, pelo menos, contentar-me com ideia de um Braga-Porto na próxima jornada.
Benfica – Os mais exigentes e críticos terão mais uma vez razões para ser severos com as dificuldades que a equipa produziu. Uma visão mais pragmática compreenderá com mais naturalidade o desenrolar do jogo, perante um adversário mais forte tacticamente e sobre quem é muito difícil exercer um domínio continuado. O Benfica repetiu a dupla de meio campo de Guimarães e introduziu ainda Amorim de inicio, mas isso não foi suficiente para dominar um Braga que tinha quase sempre superioridade na intermediária. O Benfica conseguiu, ainda assim, bons momentos no jogo, sobretudo na primeira parte, tirando partido do espaço que o Braga inevitavelmente teria que dar e, ainda, de algumas boas saídas em transição, com a equipa a dar rapidamente largura ao jogo. Para além da exibição fica o resultado que, mesmo sendo em casa, pode vir a ser muito importante.
Braga – É fantástica do ponto de vista táctico, esta equipa. O Braga de Jesus é extremamente ambicioso tacticamente, tentando defender bem em comprimento e em largura e ser forte, quer em transição, quer em organização ofensiva. Para o jogo, Jesus colocou Luis Aguiar como falso avançado, permitindo-lhe ter um elemento mais próximo do meio campo na zona central e manter Peixoto e Alan mais largos, opondo-se assim à maior largura natural do 4-4-2 de Quique. De resto, esta é uma equipa que pode ser identificada com vários sistemas. 4-4-2 clássico quando a equipa junta mais as suas linhas, 4-4-2 losango quando se alonga e, no caso deste jogo, em alguns momentos mesmo com um 4-1-4-1. É esta versatilidade táctica da equipa nos vários momentos que explica boa parte da qualidade táctica da equipa. De resto, apontar 2 problemas. O primeiro tem a ver, precisamente, com a tal ambição táctica. Não é preciso fazer sempre tudo bem e o Braga foi por vezes apanhado em alguns sobressaltos defensivos, com situações de 1x1 indesejáveis a acontecerem em momentos em que o Benfica conseguiu ser mais rápido nas suas ofensivas. O outro tem a ver com as diferenças individuais. Apesar de ter criado várias situações, apesar de ter dominado grande parte do jogo, sentiu-se muitas vezes alguma menor qualidade na definição, seja do último passe, seja da finalização. Para finalizar e mesmo apesar da derrota, não posso deixar de recordar o que referi após a derrota da equipa com o Leixões. Na altura ouviram-se algumas criticas, oportunistas, ao modelo de jogo da equipa. Hoje, como previra, sendo o modelo e a ideia os mesmos, elogia-se a qualidade.