Domínio – A vitória justifica-se sobretudo pelo largo domínio portista ao longo do jogo. De resto, e apesar deste domínio, não abundaram lances de golo, quer para um lado, quer para o outro. O Porto porque apesar de ter conseguido fazer com que o jogo se instalasse praticamente em permanência no meio campo adversário, foi sempre pouco criativo e inspirado na hora de abordar o último terço de campo. A Académica porque, simplesmente, revelou sempre uma enorme dificuldade em levar o seu jogo até lugares próximos de Hélton. Um registo muito característico no Dragão e que normalmente resulta no nulo para a equipa visitante.
A tendência de jogo é fácil de explicar. De um lado uma Académica muito baixa e preocupada em evitar a progressão adversária pelos flancos, largando, tal como no jogo contra o Benfica (no Dragão foi, apesar de tudo, mais agressiva), os centrais de qualquer pressão para fazer o primeiro passe. Do outro, um Porto a tentar fazer, como quase sempre, do pressing alto a sua principal arma. No meio disto tudo só se estranha como o jogo não se desequilibrou de forma mais pronunciada com a Académica a jogar cerca de meia hora em inferioridade.
Virada para a esquerda – Atrás referi a pouca criatividade e inspiração dos jogadores portistas no último terço de campo. Pois bem, este aspecto foi principalmente notado na primeira parte onde todo o jogo foi canalizado para a esquerda, fruto das funções tácticas dos jogadores portistas. Ao jogar com um extremo de linha (Rodriguez) e um falso extremo (Lisandro), o Porto manteve sempre a sua meia direita vazia, encurtando o espaço de ataque e facilitando, logicamente, a tarefa a quem defende. Este aspecto foi corrigido na abertura do segundo tempo com Lisandro e Hulk a aparecerem, alternadamente, mais vezes sobre a direita. Curiosamente, é assim que surge o lance do segundo golo, com Hulk a ganhar uma segunda bola quando estava aberto sobre a direita.
Tridente ofensivo – Tenho falado aqui muito das variantes tácticas de Jesualdo e, parece-me, a opção ideal em 08/09 continua ainda por encontrar. Não sou particularmente entusiasta deste tridente ofensivo com Rodriguez, Lisandro e Hulk. Creio que o Porto ganharia muito mais em manter Lisandro no centro e usar um extremo mais móvel (Tarik ou Mariano), utilizando um elemento mais desequilibrador no 1x1 como complemento (Hulk ou Rodriguez). A solução actual retira protagonismo a Lisandro e não dá tanta liberdade a Lucho para ser a referência no corredor central (porque Hulk e Lisandro surgem muito por ali). Foi precisamente no privilégio colectivo das capacidades individuais dos dois argentinos que o Porto mais ganhou em 07/08 e parece-me um erro trocar essa prioridade por uma utilização de Rodriguez e Hulk em simultâneo.
Golos: (1-0; 1-1; 2-1)