Injusto? – O futebol tem destas coisas e o Benfica terá perdido, em casa, pontos num jogo em que, provavelmente, mereceu mais a vitória do que contra Naval e Estrela Amadora, por diferentes motivos. Não foi uma exibição excelente, longe disso. Teve erros individuais e colectivos, teve, de novo, grande oscilação exibicional ao longo dos 90 minutos, mas teve também menos problemas defensivos do que, por exemplo, frente à Naval e muito mais oportunidades do que frente ao Estrela. Podia dizer que foi injusto, mas também é preciso relevar que se uma equipa com os problemas colectivos do Benfica pode tropeçar em qualquer jogo, quando se lhe junta erros individuais, provavelmente, o mais surpreendente é mesmo que isso não aconteça...
Problemas – Se neste jogo vimos o melhor do Benfica, vimos também um pouco de todos os problemas do seu futebol. Na primeira parte uma enorme dificuldade na definição do primeiro passe, algo que a Académica havia facilitado, mas que é, também, um mal que já vem desde a pré época. Nesse período justificam-se as oportunidades encarnadas pelas dificuldades do Vitória em controlar a zona central da sua defesa, particularmente em cruzamentos.
No que respeita ao tal espaço entre linhas, diria que o tipo de posse de bola do Vitória, pouco vertical e com muitos toques de cada um dos jogadores, foi amiga. Ainda assim, o lance do primeiro golo surge, precisamente, pelo mau controlo da zona à frente da defesa.
O último dos problemas crónicos do Benfica 08/09 apareceu após o 2-1. Incapacidade para controlar o jogo pela posse, e de manter o jogo longe da sua área. O golo surge de um erro individual de Quim mas, em boa verdade, o Vitória rondou vezes demais o último reduto encarnado naquela fase do jogo.
15 minutos perfeitos – Começou de forma curiosa aquele primeiro quarto de hora da segunda parte. Primeira jogada, boa construção e perigo. Segunda jogada, um regresso ao filme do primeiro tempo, com o jogo a “emperrar” no primeiro passe e a bola a ser atrasada para um pontapé longo de Quim. O facto é que a bola chegou ao pontapé furado que, por acaso, lançou Katouranis para o empate e motivou o Benfica para aquele que terá sido, provavelmente, o seu melhor período da época. Muita agressividade na pressão e recuperação da bola e uma impressionante inspiração e qualidade individual dos interpretes fizeram que cada jogada desse período fosse uma ocasião de golo. Tudo terminou com um hino ao futebol que foi a jogada do 2-1 (bem melhor, na minha opinião, do que aquela tão enfatizada, em Guimarães). Nesse período destaque individual para Katsouranis, pela agressividade e leitura dos espaços que revelou.
Quim – Sobre os guarda redes portugueses mantenho o que sempre disse. Não temos nenhum de top europeu ou mundial, e a qualidade dos melhores está sempre altamente dependente do seu momento de forma. Quim é um desses melhores (provavelmente, mesmo, o melhor) e está num mau momento. Diria que é também ele uma vitima das deficiências defensivas da equipa. Se é preciso confiança para se estar bem, não ajuda à confiança estar-se numa equipa que, em 17 jogos oficiais, sofreu 21 golos (para não falar da Selecção!). Mudar é, mais do que provavelmente, resolver um problema com a criação de outro. Foi assim no Porto com Helton e foi assim, num passado mais longínquo, no Sporting quando trocou Ricardo por Nelson.
Golos: (0-1; 1-1; 2-1; 2-2)