Fácil – Foi, de facto, demasiado fácil para o Sporting. Facilidades que têm a ver com o Marítimo e que dificultam uma apreciação qualitativa mais rigorosa do que se viu. No primeiro tempo, sem acelerar muito, o Sporting construiu oportunidades suficientes para chegar à vantagem, num jogo em que o Marítimo foi mole defensivamente, baixando muito e demasiado o seu bloco, sem ter nem organização nem agressividade suficientes nessa zona defensiva. Na segunda parte o jogo foi diferente fundamentalmente pela atitude mais ofensiva do Marítimo, mas foi o Sporting quem, previsivelmente, acabou por tirar dividendos do risco defensivo da oposição. O Sporting concretizou 2 das muitas transições que poderiam ter tirado partido de um jogo demasiado comprido e exposto lá atrás por parte do Marítimo. Podia também ter sofrido um golo, particularmente num lance em que Carriço não consegue impor-se numa primeira bola aérea e em que Miguel Veloso está completamente desconcentrado, não compensando a saída de Polga na zona central.
Marítimo – Lori Sandri deve reflectir sobre o 9-0 parcial no confronto com os grandes. Falar é fácil mas a verdade é que este Marítimo vale essencialmente pela qualidade individual dos seus jogadores e não pela organização táctica da sua equipa. A posse de bola é o seu forte como se viu no segundo tempo, mas percebe-se também que defender é sinónimo, fundamentalmente, de muitos jogadores atrás da linha da bola e quando tal já não se justifica a equipa passa actuar numa postura demasiado exposta defensivamente. É um perfil expectável para uma equipa com uma filosofia de jogo do futebol brasileiro mas é bom que corrija isso rápido porque segue-se uma visita ao Dragão, onde o preço a pagar pode não ser, de novo, simpático...
Algumas notas – Primeiro no plano táctico. Percebe-se a utilidade ofensiva que poderá trazer Vukcevic, mas é preciso ter em atenção o seu efeito na fase defensiva. É que, como já aqui referi num texto sobre Rochemback, o que mais conta para um médio em transição defensiva não é a velocidade mas a cultura posicional e, aí, Vukcevic deixa muito a desejar. É por isso que me parece ser benéfica a coexistência com Moutinho em vez de Romagnoli, já que o 28 é muito mais forte na transição defensiva.
Finalmente para falar de 2 promessas, Carriço e Adrien. O primeiro vem confirmando o que dele se dizia, quanto à maturidade e qualidade. Parece-me, no entanto, que está longe de ser um indiscutível no Sporting. Nota-se particularmente as dificuldades que tem em impor-se nos confrontos físicos. Esse é, afinal, um dos aspectos em que a transição de júnior para sénior pode ser mais difícil. Tem tempo para evoluir. Quanto a Adrien, é ingrata a sua posição numa equipa que tem Veloso e Rochemback. É um jogador com excelentes capacidades mas a minha opinião pessoal é que não tem ainda a mesma capacidade de nenhum dos concorrentes, notando-se a diferença sobretudo ao nível das primeiras bolas aéreas (neste jogo não foi muito solicitado) e da qualidade de passe onde Veloso e Rochemback são invulgarmente fortes.