3.12.08

Erros defensivos e um grande golo

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Defender mal em espaços curtos
De que serve uma pensar uma estratégia se não a conseguimos interpretar? De nada, pois claro. Não sei se foi isso que Cajuda pensou quando viu Postiga isolar-se para o primeiro golo, tão cedo em Alvalade, mas, seguramente, foi isso o que o lance demonstrou. Encurtar o espaço de ataque a uma equipa que está disponível (não tem outro remédio) a assumir o jogo é um caminho possível para se aumentar as probabilidades de sucesso defensivo. Resta, claro, saber defender nesse curto espaço, o que, também, não deveria ser complicado, dado o aglomerado de jogadores numa área tão curta. O Vitória, porém, encarregou-se de demonstrar como tal é bem possível. Jogadores distantes uns dos outros e uma excessiva referência individual possibilitaram a Moutinho, com um drible, abrir a defesa e tirar partido do adiantamento da linha defensiva minhota.
Resta, claro, falar do mérito do passe de Moutinho e, talvez mais importante, da diagonal feita por Postiga.

Referências e Fernando
Do lance do golo da Académica, sobram-me 2 reflexões. A primeira, mais evidente, é o erro de Fucile. A opção do uruguaio em esquecer o seu marcador directo é o exemplo de como as referências individuais são fundamentais quando o jogo se aproxima das balizas. Para marcações à zona na área só mesmo com uma grande densidade de jogadores (como acontece nas bolas paradas). De resto, em jogo corrido, a referência homem é sempre a mais relevante. Alguém deveria ter explicado isso a Fucile...
A outra tem a ver com Fernando. É um jogador que desempenha uma função fundamental no modelo de Jesualdo. Fundamental, mas simples. O seu grande mérito é perceber essa simplicidade e não, como se confunde, uma grande qualidade no seu desempenho. Fernando é a solução possível, mas em todos os jogos se percebem as suas limitações. No lance em questão começa por dominar mal a bola, transformando uma recuperação em nova perda. Este será o seu maior pecado já que tenho dificuldades em condená-lo pelo estranho comportamento defensivo que adoptou depois. É que só posso entender a sua permanência fora da área (onde não surgia ninguém) como o cumprimento de uma indicação pré estabelecida para este tipo de lances. Seja como for, para o caso, foi completamente inútil.

O tal problema
Para quem lê este blogue e, em particular, as análises ao Benfica 08/09, este é um tema recorrente. O problema do espaço entre linhas. Pois bem, se no caso do jogo com o Vitória esse problema nem foi muitas vezes evidenciado, foi-o, pelo menos, no lance que começou a dificultar a vida ao Benfica na Luz. Por 2 vezes na mesma jogada fica evidente a forma como é simples ultrapassar a linha média encarnada em posse. Um passe é suficiente para ultrapassar esse sector e chegar com a bola dominada à frente da defesa.
Aqui, realço de novo o que referi após o jogo com o Olimpiacos. É fácil apontar-se o dedo aos erros dos defesas, mas a verdade é que eles são mais vitimas do que réus. É que é muito difícil decidir bem quando se tem de controlar tanto espaço e um ataque adversário que surge de frente e com a bola controlada. Geralmente a opção é pressionar rapidamente e tentar o desarme na hora da recepção. O problema, claro, é que isso nem sempre funciona, tal como se vê na abordagem de Jorge Ribeiro.

A grande jogada
Para que não sejam só erros defensivos, fica aqui a grande jogada do fim de semana e, para mim, do campeonato até agora. Como é indicado no vídeo, tudo começa no inicio rápido da jogada o que permite ao Benfica evitar um primeiro pressing que normalmente lhe cria muitas dificuldades. Depois, é tudo qualidade e inspiração (algo que abundou naquela fase de jogo).
Primeiro o timing de Ruben Amorim para libertar Jorge Ribeiro, depois o cruzamento de primeira que retira tempo para que se definissem marcações na área, em seguida o toque sublime (na leitura e execução) de Cardozo, de primeira a deixar para a entrada de Suazo que tinha baixado para oferecer apoio a Amorim. Para que tudo não fosse estragado, o pontapé do Hondurenho foi forte e preciso. Era o que se pedia depois de tão bela construção.

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