10.12.08

Basileia - Sporting: O ano dos 12 pontos

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- É estranho ver-se 2 equipas para quem esta competição é tão importante disputarem um jogo que, desportivamente, não trazia qualquer consequência. Este aspecto influenciou claramente o decurso do jogo e retira grande parte do interesse a qualquer análise sobre o mesmo.

- O Sporting revelou sempre uma atitude pouco intensa no jogo mas compensou essa relevante lacuna com a sua habitual qualidade organizacional e, mais relevante, com uma estratégia inteligente para aquilo que o jogo exigia. É que o principal problema deste Basileia não é a fraca qualidade individual (provavelmente há equipas na Champions com piores recursos a este nível) mas sim o desajuste do seu modelo às exigências desta prova. É uma equipa eminentemente ofensiva, moldada para o consumo interno, mas que não tem nem qualidade de construcção nem solidez defensiva que lhe permitam controlar ou gerir o jogo perante um adversário como o Sporting. Ao contrário, por exemplo, de qualquer equipa em Portugal, o Basileia tenta assumir o jogo e corre riscos defensivos. Nada que facilite mais o caminho para a vitória e foi isso que o Sporting fez. Convidar o Basileia para zonas mais adiantadas, controlar o adversário e esperar pelo momento certo para o fazer pagar a factura do risco assumido. Foi assim a primeira parte, com um 0-1 fácil e com mais oportunidades soberanas sem precisar, sequer, de sair de um ritmo de jogo baixo.

- O segundo tempo foi, previsivelmente, diferente. Primeiro porque se o jogo já não trazia grande motivação aos jogadores, a vantagem ainda terá “amolecido” mais a sua atitude. A descompressão levou a erros individuais fora daquilo que é comum, condicionando sobretudo a definição dos lances ofensivos que tão facilmente poderiam e deveriam ter resultado em mais golos, tais as liberdades que o Basileia foi dando ao longo do tempo. Defensivamente a equipa manteve quase sempre o adversário sem hipóteses para marcar. “Quase” porque, como era previsível e natural, o aproximar do final do jogo trouxe uma atitude mais agressiva do Basileia com muitos cruzamentos e gente a abordar as zonas próximas da baliza de Tiago. Aí o Sporting sofreu defensivamente e podia perfeitamente ter cedido o empate num jogo em que se esforçou manifestamente pouco em resolver.

- O grupo não era complicado para o nível da competição, é verdade, mas 12 pontos não podem ser nunca menos do que uma prestação excelente nesta prova. Aliás, se olharmos à história das prestações lusas nas fases de grupos da Champions (desde que se tornou uma prova verdadeiramente elitista) vemos mesmo que este é um registo altamente raro e que, atrevo-me a prever, o Sporting terá muitas dificuldades em repetir no futuro. Seguem-se os oitavos de final que, face a tantas surpresas noutros grupos, até podem trazer uma esperança inesperada de passagem. Acrescento, aliás, que esta edição da Champions está a começar a reunir todas as condições para proporcionar caminhadas incomuns a uma ou outra equipa que tenha felicidade nos sorteios e inspiração nos relvados.

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