15.12.08

Leixões - Benfica: equilíbrio até ao último penalti

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Inevitável – Talvez seja uma palavra demasiado radical para um jogo de futebol, mas é um pouco esta a sensação que fica quanto ao destino de uma eliminatória em que ambas as equipas tiveram muito poucas oportunidades para evitar o nulo ao fim de 120 minutos. O jogo foi equilibrado mas respeitando sempre uma ordem natural. O Benfica actuando mais em organização ofensiva e o Leixões tentando chegar ao perigo em transição. A verdade é que tanto o Benfica não foi capaz de furar o bloco Leixonense, mesmo quando, na segunda parte, conseguiu um período de maior domínio territorial, como o próprio Leixões poucas vezes conseguiu por em sobressalto a defesa encarnada, apesar de alguns cruzamentos perigosos, especialmente no primeiro tempo.

Melhor? – Quique não resistiu a uma comparação com o jogo do campeonato para defender a ideia de um Benfica melhor em relação a esse jogo de há uns meses. Até posso concordar que o Benfica esteve melhor em alguns aspectos, sobretudo defensivos, mas não parece nada razoável fazer essa comparação. A razão é simples. Desta vez o Benfica não esteve em vantagem sendo, por isso, incomparável este jogo com aquela segunda parte em que o Leixões corria à procura do empate. Desta vez, no entanto, o Benfica acabou por se revelar incapaz ofensivamente, nunca conseguindo ultrapassar em bola corrida o bloco matosinhense e sendo apenas ameaçador através dos muitos livres nas imediações da área. Não foi uma má prestação mas também não me parece que possa ser apelidada de “boa”, ficando o Benfica fora da Taça num campo difícil.

Leixões – Foi das exibições que mais gostei no Leixões. Não porque o seu futebol foi de excelência, como nunca foi neste surpreendente arranque de época, mas porque foi extremamente sóbrio e concentrado ao longo dos 120 minutos. Defensivamente a equipa passou por fases diferentes. Umas vezes mais perturbadora para a posse encarnada, outras menos, como no segundo tempo em que a sua saída em transição acumulou erros, não conseguindo ter bola e acabando encostado à sua área durante largos períodos. O mérito está em nunca perder a concentração e agressividade defensivas e foi isso que manteve o Benfica sempre distante do golo, mesmo nesses períodos de maior sofrimento. Depois, com bola, a equipa foi, de novo, pragmática. Quando não pode sair a jogar, opta por uma via mais directa o que nem sempre evita a perda de bola mas, pelo menos, diminui as hipóteses do adversário sair em transição. Nota ainda para a forma menos esclarecida como foram conduzidas as transições, sempre procurando as faixas e tirando pouco partido do tal espaço entre linhas em que o Benfica é vulnerável. Por aqui se explica também a segurança defensiva encarnada ao longo do jogo.
Finalmente, note-se como Suazo foi completamente neutralizado. O segredo não está na marcação individual mas sim na forma como se condiciona a utilização da profundidade. Através da pressão imediata sobre a saída em transição e do restabelecimento posicional rápido após a perda de bola. Será que Lori Sandri e Cajuda viram o jogo?

Reyes & Wesley – Dois jogadores à parte do jogo. Wesley foi-se apagando com o jogo, pelo desgaste mas foi um festival de pormenores deliciosos durante muito tempo. No texto sobre goleadores que saiem da zona de finalização podia perfeitamente ter falado no seu caso. Teve e tem uma missão táctica muito relevante e diferenciadora neste Leixões. Se o plano é integrar um 9 fixo para o substituir é só esperar para ver como a equipa vai baixar de rendimento. E não é só pela questão individual.
Reyes será provavelmente o melhor jogador do Benfica desta época. Não é um jogador naturalmente influente mas começa a sê-lo porque à falta de um plano para fazer a bola sair em construção, percebe-se que entregá-la ao espanhol é sinónimo de grande segurança e, quase nunca, de perda. Domina sempre bem, temporiza, protege e entrega quase sempre da melhor forma. Depois tem esse aspecto decisivo no jogo do Benfica. Arranca um sem número de faltas nas imediações da área contrária pela forma como protege a bola e convida a oposição a derrubá-lo. Livres em que o Benfica é forte, também, porque é Reyes quem os marca.

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