21.1.08

Quaresma: "A época está a acabar"

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Tinha tudo para ser um fim de semana pacífico, ainda para mais com a acessibilidade teórica dos confrontos a ser confirmada (é certo que nuns casos mais, noutros menos...) dentro das quatro linhas. A surpresa veio, desta vez, não dos resultados mas da, muitas vezes denominada, “terceira parte” do jogo do Dragão. Quaresma, mais uma vez confrontado com os assobios com que foi brindado, reagiu de uma forma um pouco mais agressiva do que aquilo que é costume.

A reacção de Quaresma – que vem na sequência da vontade recentemente confessada em voltar a emigrar – revela uma focalização temporal centrada no final de temporada e não, tal como seria desejável, nos desafios imediatos da equipa. Esta é uma das consequências possíveis do “passeio” portista na Liga e um factor de preocupação para os adeptos, caso seja extensível à restante equipa. É que a falta de pressão competitiva cria, em geral, um relaxamento mental- quebra da concentração competitiva – que pode ter consequências na atitude das equipas e dos seus jogadores. É algo que se pode verificar num só jogo – onde as facilidades dão lugar a um facilitismo instintivo dos jogadores – ou em competições de regularidade – com uma quebra na performance em relação ao real potencial das equipas.

Intuitivamente poderemos pensar que esta reacção não é problemática, uma vez que a motivação (re)surge em jogos de maior importância, neste caso na Liga dos Campeões. Engano. O efeito está ligado ao carácter humano do jogo e, como tal, não é possível ligar e desligar os níveis de concentração dos jogadores voltando sem problemas ao patamar exibicional anterior. Se quisermos perceber isto, basta pensar no que acontece a uma equipa que começa por dominar uma partida chegando a uma vantagem folgada de 2 golos e que relaxa após esse momento. Se o adversário conseguir, a dado momento do jogo, reduzir, a tarefa que parecia inicialmente garantida torna-se invariavelmente complicada, com os jogadores a não conseguirem regressar à superioridade inicial, precisamente porque houve uma descontinuidade na concentração. Recordo-me dos exemplos de Lyon e Inter em 06/07, que garantiram a Liga na primeira parte da época, tendo a Champions como grande objectivo na segunda metade da temporada. Seguiu-se um relaxamento natural e quando as equipas foram chamadas a responder na Champions, a sua capacidade de resposta foi evidentemente mais frágil do que aquilo que havia sido na primeira metade da época.

Está portanto aqui o grande desafio de Jesualdo para o que resta da época. Manter os níveis de motivação e concentração a cada treino e a cada jogo. A Liga não está em causa, mas seria uma grande desilusão se a humanização da máquina portista tivesse como consequência o despertar precoce do sonho europeu.

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