O incidente entre Luisão e Katsouranis parece ter agora chegado ao seu término. Afinal, os dois jogadores acabaram reintegrados, afirmando-se que o sucedido não passou de algo pontual, próprio do “calor do jogo” e sem importância suficiente para colocar em causa o normal relacionamento profissional do grupo e, em especial, dos dois jogadores. A verdade é que este me parece ter sido um caso mal conduzido desde o seu inicio, com prejuízo evidente para a performance desportiva do Benfica. O erro encarnado esteve, na minha opinião, na necessidade exagerada de fazer com que a “mão disciplinadora” transparecesse cá para fora. Esta preocupação sobrepôs-se ao bom senso e aos interesses da equipa e isso acabou por ser prejudicial.
Começo pelo inicio. Na altura do incidente, e tal como aqui defendi na altura, a dupla substituição operada por Camacho não serviu aquilo que devia ser a principal preocupação de todos: o objectivo desportivo. O Benfica “queimou” duas substituições e, se uma delas servia o interesse da equipa naquela altura do jogo (a substituição de Katsouranis por Mantorras), a outra apenas serviu para limitar as possibilidades de vitória naquela partida (Luisão por Edcarlos). O Vitória acabou por tirar partido do excesso de elementos ofensivos no 11 encarnado que terminou a partida, roubando 2 pontos numa jogada que certamente não teria sido possível se Camacho tivesse tido a oportunidade de re-equilibrar a equipa.
Após o jogo, as manchetes dos jornais deliciaram-se com a novela que animou a semana. Katsouranis foi impedido de fazer aquilo para que é pago, afinal sem que este tivesse sido um caso assim tão grave (Senão não faria sentido esta reconciliação ao fim de 2 semanas). Por seu lado, Luisão continuou entre as contas de Camacho, mas visivelmente afectado pelas consequências do acontecimento. A sua prestação frente ao Leixões foi das mais intranquilas de que me lembro, parecendo afectado e inibido de participar como sempre fez na equipa do Benfica. A fotografia (que apanha um Luisão aparentemente afastado do resto do grupo antes do inicio do jogo frente ao Leixões) acima parece-me elucidativa do momento por que passa um jogador que é normalmente uma voz de liderança dentro do campo.
Como referi aqui, o “calor do jogo” – como sempre referem os jogadores – afecta qualquer pessoa. O acontecido deveria ser analisado e tratado com seriedade, mas também com bom senso e, sobretudo, nunca pondo em causa os objectivos desportivos da equipa. Não foi isso que me pareceu ter acontecido...