29.1.08

A jornada da eficácia...

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Sporting - Porto
O primeiro comentário que tenho para fazer em relação ao clássico é que foi um jogo estranho e atípico. Não pelo resultado, mas sim pela forma como o jogo decorreu. Tacticamente 2 nuances para a partida. No Sporting a troca de Moutinho com Izmailov, penso que com o objectivo de dar mais apoio a Pereirinha nas acções defensivas. No FC Porto o caso mais estranho. É que o Porto não fez qualquer alteração na estrutura do seu trio de meio campo. Jesualdo limitou-se a substituir um extremo por um médio ala – Marek Cech – mantendo Assunção como pivot defensivo, Meireles sobre a esquerda e Lucho sobre a direita. A diferença estava simplesmente nas características de Cech, mais participativo no suporte ao “miolo”. Na frente, liberdade para Quaresma no apoio a Lisandro, embora o seu local natural fosse a direita. O resultado foi um jogo muito inclinado para a esquerda, algo talvez propositado e com o objectivo de fazer surgir as habituais mudanças de flanco que explorassem a vocação ofensiva de Bosingwa e Quaresma (uma exibição “mole” e desinspirada).

Mas este jogo esteve longe de ser decidido pelos confrontos tácticos. Em 15 minutos verdadeiramente loucos, 4 desequilíbrios e um golo anulado num lance de bola parada pelo meio. Os 2 primeiros resultantes de transições quase perfeitamente interpretadas pelos portistas. Lucho – uma exibição fantástica, penalizada pelo desacerto a concluir – falhou ambas e, na resposta, o Sporting conseguiu 2 momentos de profunda eficácia que marcaram de forma surpreendente o jogo. Destaque, para além do erro de Hélton, para acção meritória de Veloso no primeiro golo, para a falta de agressividade do meio campo portista (não podem ser ultrapassados tantos jogadores sem, pelo menos, uma falta) e para a vocação de Vukcevic para jogar na área (não estará aqui o parceiro ideal de Liedson?). As coordenadas do jogo ficaram a partir daí alteradas, com o Porto a ter mais domínio mas sem se poder falar de uma superioridade clara até ao intervalo. No segundo tempo, Jesualdo corrigiu e alterou, agora sim, o sistema. Farias entrou para a frente e Meireles juntou-se a Assunção formando um duplo-pivot que libertava Lucho definitivamente de responsabilidades defensivas, lançando-o para o espaço entre linhas. Após alguns momentos marcados por paragens sucessivas no jogo, o Porto começou a criar lances de finalização em série, vindo ao de cima, mais uma vez, o mau momento defensivo do Sporting. A facilidade com que os Dragões conseguiram oportunidades explica-se, de resto, pela forma insuficiente como o Sporting protagonizou as suas transições defensivas, pelos lapsos de coordenação nas marcações– especialmente entre Ronny e Polga – e pelo excessivo recuar do bloco leonino, que permitiu que o Porto se instalasse com facilidade no meio campo adversário. O Sporting sobreviveu a 35 minutos nestas condições, sendo verdade que nos últimos 10, o excesso de jogadores portistas na frente e a proximidade do fim do jogo acabaram por tornar as ofensivas azuis bem menos ameaçadoras.

Termino para discordar de duas afirmações dos treinadores no final da partida: Primeiro de Paulo Bento quando falou em mérito defensivo – o Sporting deste Paulo Bento já foi uma equipa forte defensivamente, na sua coordenação, organização e agressividade. No momento e particularmente frente ao FC Porto não foi o caso. Depois as afirmações de Jesualdo, dizendo que a equipa “cresceu” com este jogo – só vejo duas formas das equipas “crescerem”, corrigindo e aprendendo com os erros do seu jogo e ganhando confiança com resultados importantes. Não me parece que o Porto possa beneficiar de nenhum dos dois a partir do que aconteceu em Alvalade. A equipa só tem a perder com esta derrota.

Guimarães - Benfica
Foi um jogo de eficácia e entrega encarnada e de alguma limitação Vimaranense. O Benfica entrou para não errar, não dar margem a transições do adversário. A sua construção passava por solicitar Cardozo como “pivot”. O Paraguaio foi, neste aspecto, altamente dominador, ganhando um número incompreensível de bolas no jogo aéreo (mesmo que delas não tenha resultado grande coisa, porque esta era uma estratégia mais improvisada do que rotinada). Para dar ainda mais razão de ser a esta estratégia do "erro minímo", veio a eficácia e o brilhantismo da execução do Tacuara e a contribuição de alguns erros do Vitória – o lance do segundo golo, não retirando mérito à notável acção de Di María, conta com bastantes facilidades dos laterais do Vitória. No segundo tempo, a emoção das bancadas passou finalmente para os jogadores do Vitória que, depois de chegar ao golo, parecia capaz de virar o jogo perante um Benfica a cometer demasiados erros na sua zona mais recuada (talvez devido às muitas ausências nessa zona). Após o 1-2, no entanto, os Vimaranenses perderam capacidade e esclarecimento ofensivo contribuindo para isso, creio eu, algum excesso de “carne no assador” que debilitou a força da zona intermediária.

Por fim, não posso deixar de lamentar as declarações de Cajuda com o jogo já a decorrer. Num tempo em que se pede grande profissionalismo e concentração aos jogadores, não me parece coerente que um treinador esteja, com o jogo a decorrer, a prestar declarações à televisão, abdicando ele próprio de ter concentração máxima na partida...

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