25.1.08

Sporting - Porto: Antevisão do clássico

ver comentários...
O fim de semana tem a rara particularidade de juntar os 4 primeiros da tabela. Para que o interesse não seja nesta altura maior, contribui naturalmente a distância pontual com que o FC Porto conseguiu materializar o seu domínio na prova, sendo a questão do título a única que não estará em causa neste fim de semana. Apesar do interesse inegável (e por vários motivos, quer de ordem táctica, quer no que respeita ao enquadramento com o momento distinto que vivem os 2 clubes) do embate do Afonso Henriques, vou respeitar a maior importância de um clássico entre 2 grandes do futebol Português, e fazer um enfoque na antevisão da partida de Alvalade.

É um embate que nos últimos tempos se tem pautado pelo equilíbrio e pela luta quase sempre determinante pelo domínio do jogo, particularmente no que respeita às operações de meio campo. Este é um aspecto cuja importância se explica mais pela necessidade do Sporting se sobrepor na luta do “miolo” para poder ter ascendente nas suas partidas. Os leões – e não estou a abordar ainda o momento mas sim a consequência dos seus princípios de jogo – revelam uma dificuldade clara em fazer da transição ofensiva uma arma letal e, por outro lado, o FC Porto sente muitas dificuldades quando o jogo posicional do seu meio campo não é suficiente para impedir que o jogo se situe demasiado perto da sua área. Isto porque as famosas transições portistas perdem eficácia quando se iniciam desde uma posição mais recuada. Esta luta pelo domínio deverá ser, novamente, relevante para a definição de quem tem mais possibilidades de vencer o jogo.
Sporting
Se no passado, como disse, o equilíbrio foi factor preponderante, desta vez a dúvida da repetição dos mesmos contornos surge evidentemente da resposta leonina à crise do seu futebol. O Sporting tem, como já aqui tenho defendido, o problema alicerçado no seu flanco esquerdo. A falta de qualidade de Ronny e Vukcevic nas transições defensivas e no apoio ao jogo em posse retiram força ao meio campo, aliando-se a isto mobilidade que a presença de Purovic retira ao ataque. A equipa fica assim incapaz de reproduzir com eficácia os mesmos princípios que a conduziram a exibições de grande qualidade e em 06/07. Se Paulo Bento repetir a fórmula de Coimbra, lançando Vukcevic para o lado de Liedson (ainda que descaindo sempre mais para a esquerda) e dando força interior ao losango com a introdução de Izmailov, então o Sporting terá mais possibilidades de se superiorizar no jogo. Nota importante para a dúvida em torno da presença de Abel. Se o lateral não estiver disponível então Paulo Bento tem um problema difícil de resolver. Ou lança Pereirinha, arriscando seriamente nos duelos individuais que o FC Porto costuma proporcionar a Quaresma, ou opta por uma solução mais defensiva, perdendo profundidade e qualidade quando em posse de bola.
FC Porto
Do lado do FC Porto, tranquilidade. A questão psicológica é de resto, e podendo parecer um contra-senso, a principal ameaça portista para este jogo. É que a ausência de pressão não pode servir para qualquer perda de intensidade competitiva. É algo humanamente natural, mas deve ser evitado sob pena de ter custos graves no jogo. Tacticamente a dúvida prende-se com a substituição de Tarik. A utilização de Lisandro a extremo ou a introdução de outra solução para essa posição é a questão a desvendar por Jesualdo. Se o jogo fosse mais decisivo, a minha previsão iria para a introdução de Mariano para poder dar, simultaneamente, mais força na ligação ao “miolo”. Dadas as circunstancias, é perfeitamente normal que Jesualdo tente dar a Farias a experiência de um jogo grande, aumentando os níveis de confiança do jogador e não cortando a fase ascendente do seu lançamento. De resto, se o Porto impedir que o adversário tome as rédeas da partida então, mais tarde ou mais cedo o seu ataque acabará por testar o mau momento psicológico que se vive em Alvalade.

AddThis