31.1.08

Ronaldo: um dos melhores livres de sempre!

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Propositadamente acompanhei este vídeo com a expressão “um dos melhores de sempre” tendo a curiosidade de conhecer algumas reacções a esta que não deixa de ser uma opinião minha. Passo a explicar o porquê de tanto entusiasmo em relação a esta execução, e onde creio estar também a explicação da euforia, não só do próprio jogador, mas também dos jogadores e corpo técnico de um clube que há não tanto tempo quanto isso assistia aos livres de... David Beckham.

“Este é sem dúvida o melhor livre que eu vi na Premier League” – Alex Ferguson

Para começar, atente-se à posição em que o livre é marcado, descaído sobre a direita. Daquele local e àquela distância, a única forma de colocar a bola na zona protegida pela barreira seria através de um pontapé cortado, fazendo a bola descrever uma curva que a fizesse subir e descer rapidamente. O objectivo é o mesmo dos jogadores de ténis quando aplicam o “top spin” só que como o pé não é uma raquete e a bola está no solo, o “corte” não pode ser feito totalmente de baixo para cima, tendo de apanhar também algum efeito lateral. Esta é a técnica ensinada e usada por todos os jogadores e ainda no passado Sábado vimos Cardozo aplicá-la com grande brilhantismo. O problema desta técnica é que o pontapé, por ser cortado, perde força e por isso é que raramente vemos jogadores a aplica-lo com sucesso desde longas distâncias. À distância a que estava Ronaldo, um execução cortada mereceria sempre, pelo menos, um esboço de defesa por parte do guarda redes (tal como aconteceu no caso de Cardozo contra o Guimarães). Fazer a bola subir e descer daquela distância sem ser com uma execução “cortada” parecia, até aqui, tarefa impossível.

A técnica que Ronaldo vem trabalhando é completamente diferente. Reside numa pancada seca que tira partido das características das bolas modernas e que as faz flutuar em vez de subir continuamente, como acontece com uma execução normal com o peito do pé e com aquela força. É uma técnica também usada por Juninho, embora nunca tenha visto um livre tão perfeitamente executado pelo brasileiro daquela distância (diga-se que Juninho tem um leque de soluções bem mais vasto de que Ronaldo para bater os mais variados tipos de livre). A genialidade da execução de Ronaldo explica-se, por isso, não só pela sua eficácia mas pela perfeição associada a uma forma inovadora de bater a bola. Este pode ser um livre-modelo para futuras gerações e veremos se não assistiremos ao súbito aparecimento de especialistas a tentar bater faltas desta forma.

A vantagem óbvia desta execução é a violência que permite ao pontapé. Atente-se a um último pormenor: James adivinha o local para onde Ronaldo vai bater, movimentando-se ligeiramente para aquele lado antes da bola sair. O problema é que a velocidade era tanta que, mesmo assim, ele não teve tempo de se lançar...

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