Creio que a primeira vez que o vi jogar foi em 1996, mas ainda antes do torneio que o projectou na Europa do futebol – o Euro 96. Nesse ano a Taça Uefa teve duas revelações. Uma foi o finalista vencido, o Bordéus, onde alinhavam Lizarazu, Dugarry e... Zidane. A outra era o Slavia de Praga, batido nas meias finais, precisamente, pelo Bordéus. Numa das vezes que vi aquela estranha equipa de camisolas, meio vermelhas, meio brancas, não me passou despercebido um enérgico “cabeludo” que explodia sempre que se apanhava com a bola nos pés. Não apanhei, de imediato, o nome que, como a qualquer Português, me ficaria encravado na memória quando meses mais tarde, em Birmingham, encerrou com o sonho Nacional com uma "chapelada" que ainda hoje figura nos momentos “Best of” dos Europeus.
Esse golo e a fantástica carreira da Selecção Checa (vice-campeã europeia) foram o culminar de uma época fantástica que tornou Poborsky (com 24 anos) como um dos mais apetecíveis jogadores do futebol europeu. Foi o Manchester United que ganhou a corrida, mas não foi fácil a vida em Inglaterra. Era extra-comunitário, Beckham emergia e a adaptação ao país não havia correspondido às expectativas. A saída era uma evidência e foi Vale e Azevedo a tirar melhor partido da situação. Poborsky foi uma das primeiras contratações do recém eleito Presidente encarnado e, digo eu, provavelmente a melhor. Todos se lembram do seu impacto na Luz, onde se tornou idolo pela qualidade e espectacularidade do seu futebol. Saiu da Luz antes dos 30 anos, rumo à Lazio. O Benfica vendeu-o “à pressa” para evitar uma saída em final de contrato e Poborsky seguiu o seu rumo, primeiro em Itália, depois no Sparta de Praga. Acabou a carreira no modesto Dynamo Budejovice – clube onde se havia iniciado.
No seu país é uma figura incontornável. Parte de uma geração gloriosa do futebol Checo, Poborsky terminou com 118 (!) internacionalizações, tendo participado nos Europeus de 1996, 2000 e 2004, bem como no mundial de 2006.