- O golo madrugador de Liedson lançou a partida para um período de sentido único com um Sporting dominador a encurralar permanentemente o seu adversário. De facto, o Benfica ficou emocionalmente atordoado pelo sucedido mas sobreviveu e o tempo devolveu-lhe a lucidez para equilibrar, finalmente, a partida.
- Movimento de ruptura de Katsouranis, alívio displicente de Nani e o repentismo de Miccoli deu o empate, praticamente sem avisar. O Sporting mostrava que não estava numa noite de máxima concentração e isso custou-lhe a vantagem no marcador e... na balança emocional da partida.
- Sem grandes momentos de transição, o jogo seguiu numa sucessão de períodos dominados por cada uma das equipas. O resultado não terá sido uma fatalidade, mas a verdade é que nenhuma das equipas se revelou verdadeiramente desequilibradora no último terço de campo, nem, por outro lado, com capacidade para dar maior durabilidade aos respectivos períodos de superioridade na partida. Por isso, o empate ajusta-se num jogo em que ambos poderiam ter feito melhor.
- No Benfica, francamente, valeu Miccoli. O italiano foi a inspiração de uma equipa que, sem ele, não se sabe quando acordaria. De resto, nos momentos bons vimos variações de flanco a criar dificuldade ao bloco leonino que também não se deu bem com a superioridade numérica oferecida pela integração dos laterais nas acções ofensivas encarnadas. Claro ficou também o baixo momento de forma (física e, sobretudo, psicológica) de várias individualidades, havendo uma que, simplesmente, já não se entende porque joga: Nuno Gomes. No balanço final fica, no entanto, a sentimento de que com Simão o jogo (principalmente o segundo tempo) poderia ter sido diferente.
- No Sporting também não tivemos uma equipa ao nível de outras partidas. Fica, aliás, a sensação de que o Sporting de outros jogos teria sido mais dominador e “mandão”. Talvez o menor rendimento de João Moutinho explique, em boa parte, as dificuldades sentidas. De resto, aponto mais duas incapacidades leoninas que afastaram a vitória: à margem do eficaz Liedson, tivemos um Sporting inconsequente no último terço, com muitos cruzamentos e poucas finalizações, e, em alta competição não se pode falhar duas vezes como fez Nani no golo do Benfica.
- Nota final para as opções tácticas dos treinadores. No Benfica, já o disse, não percebo a insistência em Nuno Gomes – jogou 70(!!) Minutos. Mantorras ou Derlei, qualquer um faria mais sentido. Fernando Santos revelou, aliás, medo em errar: fez apenas duas substituições num jogo em que nada tinha a perder, deixando Derlei no banco com tanta gente esgotada. No Sporting, a opção Djaló pareceu-me acertada mas não rendeu. Tonel tem lugar e não foi por ele estar de fora que o Sporting se tornou mais eficaz – todavia, também aqui se percebe a opção. Finalmente, deixo a minha opinião, contrária à de muitos: num jogo em que o domínio era fundamental, Paulo Bento deveria ter dado “força motriz” a um meio campo que se revelou sem potência para dominar durante largos períodos. Quando mexeu deveria ter deixado Veloso no meio, retirando apenas um dos da frente para dar lugar a Pereirinha.