Médio defensivo – vulgo “trinco” – não é das posições mais apreciadas pela generalidade do público. Missões sombrias, papeis tácticos e discretos são normalmente sinónimo de um protagonismo relegado para segundo plano. Há, no entanto e como em quase tudo, excepções. Jogadores que marcam a diferença, que vão para além do evidente e que encantam pela música que tocam na zona dos bombos. Fernando Redondo, lembram-se?
Natural de Buenos Aires (em 1969), conheceu apenas um clube no seu país: o Argentinos Juniors. O seu talento foi desde cedo uma evidência e o salto para o exigente futebol europeu aconteceu na tenra idade dos 21 anos – lembrem-se que na altura ainda havia a limitação de estrangeiros (era “antes de Bosman”), o que limitava fortemente as hipóteses de expatriação. O Tenerife foi o destino, Valdano o técnico que o recebeu. O seu futebol foi depressa exultado pela generalidade da imprensa, e Valdano não abdicou deste talento quando assumiu o comando do Real Madrid. Redondo pegou de estaca, tornou-se um ídolo e figura incontornável do meio-campo “Merengue”, e passou 6 épocas em Madrid, sagrando-se bi-campeão europeu (em 98 e 00). A sua carreira seria, no entanto, marcada por uma série de lesões que começaram no Real Madrid, mas que atingiram maior dimensão após a polémica (gerou mesmo algumas cenas de violência de adeptos do Real) transferência para o Milan no ano 2000. Redondo abandonou Madrid num momento alto, sagrando-se campeão europeu e sendo considerado o melhor jogador da Champions League desse ano, mas a sua carreira nunca mais foi a mesma após esse defeso, terminando em 2004 após um calvário de infortúnios. Na Selecção, os seus feitos também ficaram aquém da qualidade e do potencial do seu jogo. Um mundial – 94 – e duas ausências polémicas – em 90, recusando a chamada Bilardo por causa dos estudos, e em 98, preterido por Passarella, diz-se, pelo cabelo comprido – são os destaques de uma história de 29 internacionalizações com a “alviceleste”.
Redondo era, para quem não viu, um médio defensivo que enchia o campo com a sua classe. Sentido posicional, boa estatura e grande capacidade de passe eram características inegáveis, mas secundarizadas pelos famosos dribles com que frequentemente desequilibrava. Uma referência incontornável para todos os jovens médios.